02/11/2018

SILENCIO AO LONGE



Por: Luiz Jorge Ferreira
(In Memoriam  da poeta HILDETTE HENGER ... e a de outros amigos que nos aguardam).
  
A morte não me assusta.
A mim, intriga.
Com suas cortinas escuras,
Lírios brancos, e chamas ondulantes a sair pelas janelas.
Onde descansa a morte quando se cansa de arrastar consigo, parentes, conhecidos, e amigos?
Estará atrás do ruflar das asas dos colibris?
Ou no esguicho desordenado das baleias?
Como ela nos escolhe? Pelo cair dos polens brancos sobre nossos cabelos?
Pelo ruído desarmônico dos nossos joelhos?
Ou é a vida que lhe chama ao largo e diz:
— Leve este amado.
— Leve-o com a brisa mais morna que soprar do Paraíso. Com todas as memórias que enriqueceu sua vida.
— Leve-o. Eu fico... eu sou a vida.
— Eu não consigo morrer, em paz.


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