10/08/2012

CRAVO E CANELA

A expressão cravo e canela lembra Bahia, lembra sensualidade, lembra Jorge Amado...

Queria fugir da faxina
minguar essa imensa mazela.
Ouvindo o assobio da esquina
depressa me por na janela.

Um jovem bonito se achega.
Nas mãos, uma rosa amarela.
Num simples descuido me beija.
No olhar, a promessa singela.

Queria esse amor para sempre
me sinto de novo donzela.
Sorrio... Estou tão contente,
feliz qual final de novela.

Patroa, porém, não perdoa
e chama: Vem cá, Gabriela!
No tanque a ilusão se ensaboa.
Lavar minhas mágoas? Quem dera!

Há tanto a fazer na cozinha:
torneira, talheres, tigela.
Trabalho que nunca termina.
Mereço uma vida mais bela.

Em vez do perfume da rosa
eu mexo e remexo a panela.
E o sonho que agora se forma
tem cheiro de cravo e canela.

Márcia Etelli Coelho



2 comentários:

  1. BELISSIMO POEMA! DE RITMO E CADENCIA TAL, QUE SÓ FALTA RECEBER O VESTIDO DECOTADO DE UMA MELODIA COMO AS SÃO MELODIAS MALEVOLENTES DA BAHIA.
    MARCIA, RETIROU DO MEIO DO AZEITE DE DENDÊ, ESTES VERSOS, E O ENROLOLOU EM FOLHAS DE BANANEIRA COMO TAPIOCAS ALVAS E AVIDAS.E SE FRITAR TUDO ISTO. NINGUEM DECLAMA, NEM RIMA, NEM CANTA, SATISFEITOS DEITAM PARA BAHIANAR. LjORGE.

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