02/05/2016

GRATIDÃO EM TEMPO DE CRISE


Recordo-me do grande sonho infantil de jogar bola na posição de atacante, apesar de não ter o biotipo ideal. Consegui a muito custo participar de algumas competições interclasses me destacando porém na posição de goleiro mesmo sendo gordinho o que nessas horas ajudava bastante pois o sobrepeso amortecia o impacto das bolas chutadas pelo time adversário.

Um pouco maior, já na adolescência pensei em ser roqueiro. Era moda juntar os amigos e criar uma banda. Deixei o cabelo e alguns fios de barba crescerem.  Já tocava violão e me arrisquei na guitarra adquirida com as sobras da mesada que recebia de meu avô. Sonhadores como eu todos queríamos alcançar o sucesso e como consequência sermos reconhecidos pela multidão.
Aos dezoito anos entrei na faculdade de direito, sonho de meu pai que sempre quis estudar, mas não conseguiu, pois desde jovem começou a trabalhar com meu avô no comércio que ele possuia, não sobrando tempo para os estudos. Cinco anos depois me formei, antes porém muito jovem me casei e  fui pai. Entre livros, fraldas, noites mal dormidas, consegui com muito esforço ser um doutor. A vida estava difícil e mesmo formado não havia conseguido um trabalho que conseguisse suprir todas as necessidades materiais para o sustento de minha família, mesmo com o trabalho de minha esposa que na época já havia terminado a faculdade de psicología e também estava com dificuldades no inicio da carreira e com a dupla jornada, sendo mãe.
Mesmo contando com o apoio de nossas famílias, no final do mês as contas fechavam com muita dificuldade e frequentemente atrasávamos o aluguel e a prestação do carro de segunda mão comprado com muita dificuldade.
Um dia um antigo amigo contador sabendo que eu estava formado iniciando a carreira, me ligou perguntando se eu possuía um escritório e se eu teria condições de atender o  jurídico de uma nova empresa  que necessitava de um advogado para formalizar e acompanhar novos contraltos. Sem pestanejar disse que sim apostando em um primo que me oferecera uma sala em seu escritório, meses atrás.
Dia seguinte com a cara e a coragem fui negociar a tal sala e montei o meu primeiro escritório com a ajuda de meu irmão que me emprestou suas economias. Prontamente procurei meu amigo e lhe forneci meu cartão com o novo endereço. Fiquei esperando…esperando e nada.
Aos poucos fui sentindo que a minha vida  tão organizada e programada estava fugindo do contrôle. No passado sempre sabia onde queria chegar colocando objetivos altos para então alcançá-los com persistência, vontade e otimismo.
Com o escritório montado e sem nenhum cliente me ví numa situação de penúria, falta de boas perspectivas e endividado ate o ultimo fio de cabelo. Porém quando olhava para a carinha alegre e sempre sorridente de minha filha, sentia um novo ânimo e continuava na busca de novas oportunidades, oferecendo meus serviços e realizando pequenos trabalhos , mesmo fora de minha profissão que me garantisse uma sobrevida. Meses depois o tal amigo voltou a me ligar e me ofereceu uma nova oportunidade em uma empresa de médio porte. O desafio foi grande, mas a minha vontade de vencer maior ainda e realmente a partir daquele momento minha vida profissional deslanchou.
Ao longo da vida a cada momneto de falta de esperança sempre apareceram  pessoas que me apoiaram. Quando criança e jovem, meus pais e avós. Quando adulto minha esposa, companheira de todas as horas, o sorriso inocente de minha filha, meu irmão, meu primo, amigos e conhecidos.
A gratidão que sinto por cada um deles é imensa e hoje tenho certeza que cada um teve importância muito grande em me ajudar a superar  os momentos difíceis que passei. 

AIDA DAL SASSO BEGLIOMINI

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