Recordo-me
do grande sonho infantil de jogar bola na posição de atacante, apesar de não
ter o biotipo ideal. Consegui a muito custo participar de algumas competições
interclasses me destacando porém na posição de goleiro mesmo sendo gordinho o
que nessas horas ajudava bastante pois o sobrepeso amortecia o impacto das
bolas chutadas pelo time adversário.
Um
pouco maior, já na adolescência pensei em ser roqueiro. Era moda juntar os
amigos e criar uma banda. Deixei o cabelo e alguns fios de barba
crescerem. Já tocava violão e me
arrisquei na guitarra adquirida com as sobras da mesada que recebia de meu avô.
Sonhadores como eu todos queríamos alcançar o sucesso e como consequência
sermos reconhecidos pela multidão.
Aos
dezoito anos entrei na faculdade de direito, sonho de meu pai que sempre quis
estudar, mas não conseguiu, pois desde jovem começou a trabalhar com meu avô no
comércio que ele possuia, não sobrando tempo para os estudos. Cinco anos depois
me formei, antes porém muito jovem me casei e
fui pai. Entre livros, fraldas, noites mal dormidas, consegui com muito
esforço ser um doutor. A vida estava difícil e mesmo formado não havia
conseguido um trabalho que conseguisse suprir todas as necessidades materiais
para o sustento de minha família, mesmo com o trabalho de minha esposa que na
época já havia terminado a faculdade de psicología e também estava com
dificuldades no inicio da carreira e com a dupla jornada, sendo mãe.
Mesmo
contando com o apoio de nossas famílias, no final do mês as contas fechavam com
muita dificuldade e frequentemente atrasávamos o aluguel e a prestação do carro
de segunda mão comprado com muita dificuldade.
Um
dia um antigo amigo contador sabendo que eu estava formado iniciando a
carreira, me ligou perguntando se eu possuía um escritório e se eu teria
condições de atender o jurídico de uma
nova empresa que necessitava de um
advogado para formalizar e acompanhar novos contraltos. Sem pestanejar disse
que sim apostando em um primo que me oferecera uma sala em seu escritório,
meses atrás.
Dia
seguinte com a cara e a coragem fui negociar a tal sala e montei o meu primeiro
escritório com a ajuda de meu irmão que me emprestou suas economias.
Prontamente procurei meu amigo e lhe forneci meu cartão com o novo endereço.
Fiquei esperando…esperando e nada.
Aos
poucos fui sentindo que a minha vida tão
organizada e programada estava fugindo do contrôle. No passado sempre sabia onde
queria chegar colocando objetivos altos para então alcançá-los com
persistência, vontade e otimismo.
Com
o escritório montado e sem nenhum cliente me ví numa situação de penúria, falta
de boas perspectivas e endividado ate o ultimo fio de cabelo. Porém quando
olhava para a carinha alegre e sempre sorridente de minha filha, sentia um novo
ânimo e continuava na busca de novas oportunidades, oferecendo meus serviços e
realizando pequenos trabalhos , mesmo fora de minha profissão que me garantisse
uma sobrevida. Meses depois o tal amigo voltou a me ligar e me ofereceu uma
nova oportunidade em uma empresa de médio porte. O desafio foi grande, mas a
minha vontade de vencer maior ainda e realmente a partir daquele momento minha
vida profissional deslanchou.
Ao
longo da vida a cada momneto de falta de esperança sempre apareceram pessoas que me apoiaram. Quando criança e
jovem, meus pais e avós. Quando adulto minha esposa, companheira de todas as
horas, o sorriso inocente de minha filha, meu irmão, meu primo, amigos e
conhecidos.
A
gratidão que sinto por cada um deles é imensa e hoje tenho certeza que cada um
teve importância muito grande em me ajudar a superar os momentos difíceis que passei.
AIDA DAL SASSO BEGLIOMINI
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