22/06/2019

AMAR, HÁ MAR


Esteve de volta ao nível em que fora forjada nossa sintonia.
brutal, visceral, animal.
a próxima hora de maré alta
trará todas as conchas de que sentíamos falta.
fará dessa ardência tropical um percurso molhado 
em que nossa paixão há de condensar disparatada.
as mesmas ondas que nos aproximaram
serão aquelas que conservarão:
as alianças-maresias
do nosso casamento em alto mar.
união consagrada pelas estrelas que reluziam 
no olhar que me direcionava,
tateando por curvas conhecidas
pelas mãos que me traduziam amor em afago.  
entrelaçados,
permanecíamos sobre o mesmo atlântico de que falava a poesia camoniana .
o mesmo dobrado pelos desígnios de potência humana bravia.
em nenhum palmo sequer, resquícios de pacifismo.   
dobras que me fazem de jangada na tua praia,
ao sabor amargo e incorrespondido da correnteza passional que sustenta teu álibi.
não há mares nesse sertão. coração.


LUÍS FELIPE CHAGAS
Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
TERCEIRO LUGAR CATEGORIA POESIA
II INTERMED LITERÁRIA PAULISTA SOBRAMES SP


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