01/04/2011

PEQUENA ALEGORIA SOBRE A MISÉRIA DOS HOMENS

Não adianta apenas fechar os olhos se não formos surdos. Os gritos da tragédia formarão imagens muito mais aterradoras. E ainda que cegos e surdos, outros sentidos captarão a catástrofe. O ser humano caminha pelo perigoso arame suspenso sobre o vale abissal da ignorância, da pobreza espiritual e da miséria absoluta. Não há mais limites nem parâmetros. A realidade é um show de horrores. A decadência da espécie parece inevitável e o caos alastra-se com sofreguidão e instala-se com audácia. Cada vez mais acuada e temerosa, a sociedade se retrai e se aquartela em trincheiras cada vez mais inseguras.
Há um grito parado no ar. Há medo e sofrimento. Há revolta. Há pavor. É preciso puxar as rédeas do tempo e refrear esse turbilhão avassalador. É imperioso reagir com urgência à miséria que parece ser a causa de tudo e dizer não à falta de atitude de governantes corruptos, incompetentes e omissos que a tudo assistem com complacência. É impreterível não fomentar a mediocridade de big brothers. É premente deixar de alimentar os usurpadores de chapa branca. É absolutamente essencial lutar para acabar com todas as carências que se avolumam sobre nossas cabeças. É fundamental começar a educar. É indispensável começar a punir exemplar e adequadamente. É indeclinável estancar a hipocrisia. E é imprescindível nos precavermos com afinco e zelo, pois ainda assim não teremos certeza de poder evitar que a cada dia, a cada minuto, estejamos sujeitos a que nos arranquem de nossos frágeis e silenciosos esconderijos e arrastem nossas cabeças pelos campos.

Marcos Gimenes Salun
Menção Honrosa – Prêmio “Flerts Nebó” 2006/2007

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