01/06/2011

JOSÉ CRETELLA JUNIOR

1950 , todos brasileiros lembram , foi a grande decepção com a perda do campeonato mundial de futebol , no Maracanâ, quando perdemos de 2 x 1 ...eu tinha 8 anos ...alguns anos mais tarde iniciei meus estudos ginasiais no Grupo Escolar Alexandre de Gusmao, no Ipiranga, na R.Bom Pastor...era uma escola publica..excelente escola publica...tinhamos professores memoráveis e ficaram inesquecíveis...nao no sentido retórico mas no sentido de que ficaram cunhados em nossas mentes como um carimbo eterno...entre eles, tínhamos um , chamado José Cretella Junior...era nosso professor de Latim...imagine dar Latim para uma garotada de periferia, financeiramente pobre, social e culturalmente pobre...e não é que o Professor Cretella ia nos introduzindo com uma paciência zen nos mistérios desta língua do Láscio..e era de uma bondade imensa, de uma compreensão da vida e das circunstâncias muito grande...era incapaz de reprovar um aluno não por não saber Latim mas por não ter as condições básicas de aprender Latim..e olha que o pior de nós, sabia muito de Latim...e até hoje, em nossa profissão médica, saboreamos a raiz de palavras médicas e o que dirá dos profissionais da lei..!! Nessa época não existia ainda televisão ( a primeira que surgiu no bairro do Ipiranga foi a de meu vizinho Mario Zan, que a comprou por ter ficado rico com a musica em homenagem ao IV centenario de S.Paulo, uma preto e branco enorme, parecia um contêiner...tinha mais fantasmas que nos bastidores de Brasília...mais chiado do que mulher quando o marido chega tarde em casa...), só tínhamos rádio, em aparelhos enormes, não tínhamos FM , nem K-7 , nem CD, nem DVC, nem computador, nem Ipad, Iped, Ipid, Ipod, Ipud...nada..nem ar condicionado, só ricos tinham carro (lembro-me dos Ranieri que tinham uma confeçao e um Ford lindíssimo ) ,e telefone, não tínhamos fotos em cores, nem impressoras, nem telefone sem fio, nada sem fio, nem comidas congeladas e geladeiras só a famosa “ Frigidaire “ e a “GE “ ....tudo era analógico, nada havia digital, mas não sabíamos que era analógico, pois só quando surgiu o digital que deram o nome de analógico ao que tínhamos...nao havia piercings, as mulheres casavam virgens e se não eram virgens não casavam...os homossexuais viviam no “ armário “ com senha...cafeterias e micro-ondas nem pensar...lavadoras e secadoras, uh quem dera...mulheres não tinham acesso a anticoncepcionais e a presença de “ abortadoras “ era figura comum nos bairros...Ah, que saudade...é neste cenário todo que lá estava o mestre Cretella, um estudioso da língua pátria, um professor magnífico, um mestre do Direito ( professor titular )...recentemente ganhou o premio de Troféu Guerreiro da Educaçao de 2010, destando-se entre os premiados anteriores gente da estirpe de Migue Reale , Esther Ferraz, Luiz Décourt, Clodowaldo Pavan, Ives GAndra Martins, Adib Jatene....e foi justamente esta homenagem que vi nos jornais que me trouxe tantas doces recordações...consegui algumas fotos desta ilustre figura, hoje com 90 anos , na época com seus lá 30 e poucos anos...mas há uma foto com ele com óculos de aros grossos , com u’ a mao em cima da outra , típica de sua posição sentado apoiando suas mãos na escrivaninha de nossa sala de aula...é como se hoje ainda conseguisse ver essa sala em todos seus detalhes...

Carlos José Benatti

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