-
Romualdo! Que tristeza! Perdi o meu pai! Era uma criatura boa e muito
amorosa...Não me conformo...Ele vendia saúde...De um instante para outro
desapareceu nas trevas da morte...Por quê, Romualdo? Por quê? Ficou um vazio na
minha vida...
- A perda de um ente querido traz
sempre muito sofrimento, amargura, incerteza, questionamento! Perdemos o
equilíbrio, a noção das coisas e de nós mesmos! Ficamos à deriva como um barco
sem vela, sem rumo... Mas isso passa, meu bom amigo Marcos! O tempo como o
vento se encarregará de fazê-lo! O importante é ir vivendo! Com os tropeços,
vicissitudes do dia-a-dia, mas, ir vivendo, da melhor maneira possível, de
preferência com muito amor! É por intermédio do amor que a vida continua e a
morte é anulada, suprimida. A morte não é a extinção da vida, como geralmente
se pensa. É a interrupção, a passagem, a mudança de uma forma para outra, pois,
a vida pela matéria é eterna. Isto se dá graças à ação do amor. A natureza, a
todo instante, nos dá uma lição, de indestrutibilidade, de imortalidade. Morre
um inseto, não o inseto. Morre um cão, não o cão. Morre um homem. Só há uma
constante renovação. Em milhares de anos o que a morte destruiu? Nada! Continua
o inseto, o cão, o homem...
-Onde
você aprendeu tudo isso, Romualdo?
-Na
fonte misteriosa do nosso conhecimento. Ao meu lado, sempre presente, o
sofrimento... No desespero, a redenção, o amor...
-O
amor é tão importante assim?
-É
tão importante quanto o ar que respiramos, a água que bebemos e os alimentos
que ingerimos. É a representação da vida. A supressão da morte. É a essência de
tudo que existe. Como você sabe, o amor tem origem no instinto sexual. O seu
fim é a procriação, visando a geração futura. A natureza se preocupa com a
espécie e não com o indivíduo. Ela utiliza a beleza, a vaidade, a força, a mocidade, para obter os seus fins.
E sempre consegue... Com que capricho os moços se vestem, cuidam do corpo, usa
perfumes e pinturas , dançam , cantam, tocam instrumentos, praticam esportes,
enfim... tudo com uma finalidade: estimular a atração sexual. Nos animais as
coisas se sucedem da mesma maneira: o pavão, com sua belíssima plumagem, abre a
cauda em forma de leque para atrair a companheira. A fêmea de certos animais,
na época do cio, depende através de
glândulas especiais, os odores para atrair o macho. O amor é muito violento em
certas espécies: os escorpiões e aranhas executam uma espécie de dança antes da
união e, logo depois da fecundação, a fêmea devora o macho. Com as abelhas
acontece o mesmo: a rainha, em pleno voo,
é fecundada pelo zangão que depois é morto por ela. Nestes insetos, o amor, a
vida e a morte estão profundamente entrelaçados. Como você vê, meu bom amigo
Marcos, pelo amor a vida se renova e a morte é anulada.
-Beleza
Romualdo! Beleza! Gostei da sua explanação! Você está inspirado! Está com tudo
e não está prosa! Por acaso, está amando e eu não estou sabendo?
-Acertou
em cheio, Marcos! Estou apaixonado!
-Cuidado
para não ser devorado como acontece com os escorpiões, aranhas e abelhas...
-
De qualquer maneira valerá a pena... Morrer por amor! Bem disse Platão: “Aquele
que não ama, no escuro anda”. E Balzac:
“Quem
quer que sejas, eis o teu Senhor.
Que o é, já foi ou que o será, o Amor”.
E
por falar em amor, chegou a nossa pizza. A ela as nossas homenagens e a nós os
três bens da vida: saúde, paz e amor!
-Sempre
o amor!- Sorriram.
Rodolpho Civile
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos sua atenção. Se possível deixe informações para fazermos contato.