12/12/2012

NA PIZZERIA SPERANZA NO BEXIGA

            Degustando uma cerveja bem gelada e esperando a pizza calabresa, dois amigos palestram sobre os últimos acontecimentos.

            - Romualdo! Que tristeza! Perdi o meu pai! Era uma criatura boa e muito amorosa...Não me conformo...Ele vendia saúde...De um instante para outro desapareceu nas trevas da morte...Por quê, Romualdo? Por quê? Ficou um vazio na minha vida...

           - A perda de um ente querido traz sempre muito sofrimento, amargura, incerteza, questionamento! Perdemos o equilíbrio, a noção das coisas e de nós mesmos! Ficamos à deriva como um barco sem vela, sem rumo... Mas isso passa, meu bom amigo Marcos! O tempo como o vento se encarregará de fazê-lo! O importante é ir vivendo! Com os tropeços, vicissitudes do dia-a-dia, mas, ir vivendo, da melhor maneira possível, de preferência com muito amor! É por intermédio do amor que a vida continua e a morte é anulada, suprimida. A morte não é a extinção da vida, como geralmente se pensa. É a interrupção, a passagem, a mudança de uma forma para outra, pois, a vida pela matéria é eterna. Isto se dá graças à ação do amor. A natureza, a todo instante, nos dá uma lição, de indestrutibilidade, de imortalidade. Morre um inseto, não o inseto. Morre um cão, não o cão. Morre um homem. Só há uma constante renovação. Em milhares de anos o que a morte destruiu? Nada! Continua o inseto, o cão, o homem...

            -Onde você aprendeu tudo isso, Romualdo?

            -Na fonte misteriosa do nosso conhecimento. Ao meu lado, sempre presente, o sofrimento... No desespero, a redenção, o amor...

            -O amor é tão importante assim?

            -É tão importante quanto o ar que respiramos, a água que bebemos e os alimentos que ingerimos. É a representação da vida. A supressão da morte. É a essência de tudo que existe. Como você sabe, o amor tem origem no instinto sexual. O seu fim é a procriação, visando a geração futura. A natureza se preocupa com a espécie e não com o indivíduo. Ela utiliza a beleza, a vaidade,  a força, a mocidade, para obter os seus fins. E sempre consegue... Com que capricho os moços se vestem, cuidam do corpo, usa perfumes e pinturas , dançam , cantam, tocam instrumentos, praticam esportes, enfim... tudo com uma finalidade: estimular a atração sexual. Nos animais as coisas se sucedem da mesma maneira: o pavão, com sua belíssima plumagem, abre a cauda em forma de leque para atrair a companheira. A fêmea de certos animais, na época do cio, depende  através de glândulas especiais, os odores para atrair o macho. O amor é muito violento em certas espécies: os escorpiões e aranhas executam uma espécie de dança antes da união e, logo depois da fecundação, a fêmea devora o macho. Com as abelhas acontece o mesmo: a  rainha, em pleno voo, é fecundada pelo zangão que depois é morto por ela. Nestes insetos, o amor, a vida e a morte estão profundamente entrelaçados. Como você vê, meu bom amigo Marcos, pelo amor a vida se renova e a morte é anulada.

            -Beleza Romualdo! Beleza! Gostei da sua explanação! Você está inspirado! Está com tudo e não está prosa! Por acaso, está amando e eu não estou sabendo?

            -Acertou em cheio, Marcos! Estou apaixonado!

            -Cuidado para não ser devorado como acontece com os escorpiões, aranhas e abelhas...

            - De qualquer maneira valerá a pena... Morrer por amor! Bem disse Platão: “Aquele que não ama, no escuro anda”. E Balzac:

            “Quem quer que sejas,  eis o teu Senhor.

              Que o é, já foi ou que o  será, o Amor”.

            E por falar em amor, chegou a nossa pizza. A ela as nossas homenagens e a nós os três bens da vida: saúde, paz e amor!

            -Sempre o amor!- Sorriram.
 
 
           Rodolpho Civile
 
 

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