23/04/2013

VONTADE DE FALAR UM PALAVRÃO

O mundo está cheio de gente
Inconfidente e maledicente.
Ô Mênino Xêsus non fica con-ten-te,
Con mê-ni-no que mente!!!...

Já o meu pecado foi diferente:
Gostar de palavrão indecente.
Aí, mamãe se ressente
Com o filhinho insolente,
Que repetidamente
Bate com a língua no dente,
Com palavrão impudente
Inconsequente e mordente.
Depois vim eu, um adolescente
Prepotente e inconveniente,
Aborrecente chato e carente,
A dizer palavrão chulo e quente.
Eis que realmente,
Restou evidente
Em mim um despudor fremente
Que insiste que eu tente
Escandalizar algum inocente.
Agora sou um velho, senescente,
Ainda lúcido e não demente,
Mas de gosto decadente.
Embora resistente,
Por mais que eu aguente
O palavrão insistente
Emporcalha minha mente
Patológica e doente.
Assim, infelizmente,
Me vem um desejo premente,
Antigo, mas urgente,
Consciente e renitente,
E então, de repente,
Incontido, incontinente
Vou dizer simplesmente
O palavrão contundente,
Grandalhão e impertinente:
Inconstitucionalissimamente.

GEOVAH  PAULO  DA  CRUZ
Vencedor do Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2011-2012

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