26/03/2018

REFLEXÕES DE UM QUASE SUICIDA


por: RODOLPHO CIVILE
2ª Menção Honrosa - Prêmio Flerts Nebó 2016/2017

Semelhante ao prólogo da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo, Tonio passa a cabeça pela fresta da cortina pedindo permissão, cantando “Si può? Signore, Signori.”

O enredo se passa na Calábria.

O que eu vou agora descrever passou-se no Bexiga em São Paulo, o bairro dos calabreses.

A minha santa mãe fez a questão de dar à luz num dia bem festivo (25 de janeiro de 1925). Tinha bom gosto! Por sua vez, o meu pai, olhando o rebento e o achando muito bonito, parecido com o artista Rodolpho Valentino, deu-me o nome de Rodolpho Civile. O meu pai sabia comparar...

Pulando esta “melhor” parte, fui crescendo, crescendo, como acontece com todo o mundo... Passei por várias fases importantes: a infância, juventude. Estudei medicina. Casei com uma bela e especial criatura de nome Maria da Glória, que me deu de presente 3 filhos e depois vieram 2 noras e 4 netos, uma família maravilhosa!

Maria da Glória, um grande amor: intenso, profundo e sublime! Partiu levada pelos anjos ao Paraíso, onde ficará na eternidade.

E eu? Independente da minha vontade, fiquei velho! De início não acreditei... Mas, depois que me olhei no espelho, tive de aceitar a triste realidade. Percebi que estava “bem usado”. Procurei a folhinha: 92 anos! Que calamidade... Não me resta outra coisa, pensei: o suicídio! Naturalmente, bem agradável!

No tempo de Sócrates, se usava cicuta. Mas... Pode irritar a garganta. Mudei de ideia!
Pensei, então, numa corda bem grossa, como foi usada por Tiradentes. Mas... Sempre há um “mas”... Pode machucar o meu lindo pescoço. E pescoço de calabrês é muito duro... Desisti.

E que tal um tirozinho? Uma bala entrando pelo buraquinho da orelha e saindo do outro lado? Dentro do cérebro um estrondo. Pode assustar as pessoas... Mudei de ideia...

Inesperadamente, uma sábia solução. Os meus neurônios, já bem estragados pelo uso, apontaram-me um caminho bem mais agradável: a celebração, junto aos meus queridos familiares e amigos, pizzas recheadas de chiaccheri!  

 A felicidade bateu de novo à milha porta! Com ela os três bens da vida, como diziam os antigos gregos e que também desejo a todos: Saúde, Paz e Amor. Muito amor, pois o amor é a essência da vida.

A minha gratidão à Vida e a todos. Beijos e abraços.

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