por: RODOLPHO CIVILE
2ª Menção Honrosa - Prêmio Flerts Nebó 2016/2017
Semelhante
ao prólogo da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo, Tonio passa a cabeça pela
fresta da cortina pedindo permissão, cantando “Si può? Signore, Signori.”
O
enredo se passa na Calábria.
O que
eu vou agora descrever passou-se no Bexiga em São Paulo, o bairro dos
calabreses.
A minha
santa mãe fez a questão de dar à luz num dia bem festivo (25 de janeiro de
1925). Tinha bom gosto! Por sua vez, o meu pai, olhando o rebento e o achando
muito bonito, parecido com o artista Rodolpho Valentino, deu-me o nome de
Rodolpho Civile. O meu pai sabia comparar...
Pulando
esta “melhor” parte, fui crescendo, crescendo, como acontece com todo o
mundo... Passei por várias fases importantes: a infância, juventude. Estudei
medicina. Casei com uma bela e especial criatura de nome Maria da Glória, que
me deu de presente 3 filhos e depois vieram 2 noras e 4 netos, uma família
maravilhosa!
Maria
da Glória, um grande amor: intenso, profundo e sublime! Partiu levada pelos
anjos ao Paraíso, onde ficará na eternidade.
E eu? Independente
da minha vontade, fiquei velho! De início não acreditei... Mas, depois que me
olhei no espelho, tive de aceitar a triste realidade. Percebi que estava “bem
usado”. Procurei a folhinha: 92 anos! Que calamidade... Não me resta outra
coisa, pensei: o suicídio! Naturalmente, bem agradável!
No
tempo de Sócrates, se usava cicuta. Mas... Pode irritar a garganta. Mudei de
ideia!
Pensei,
então, numa corda bem grossa, como foi usada por Tiradentes. Mas... Sempre há
um “mas”... Pode machucar o meu lindo pescoço. E pescoço de calabrês é muito
duro... Desisti.
E que
tal um tirozinho? Uma bala entrando pelo buraquinho da orelha e saindo do outro
lado? Dentro do cérebro um estrondo. Pode assustar as pessoas... Mudei de
ideia...
Inesperadamente, uma sábia solução. Os meus neurônios, já
bem estragados pelo uso, apontaram-me um caminho bem mais agradável: a
celebração, junto aos meus queridos familiares e amigos, pizzas recheadas de chiaccheri!
A felicidade bateu de novo à milha porta! Com
ela os três bens da vida, como diziam os antigos gregos e que também desejo a
todos: Saúde, Paz e Amor. Muito amor, pois o amor é a essência da vida.
A minha
gratidão à Vida e a todos. Beijos e abraços.
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