por: Sérgio Perazzo
2ª Menção Honrosa no "Prêmio Bernardo de Oliveira Martins" - 2016/2017
Enquanto
esperava a morte,
o ônibus
passou de luzes apagadas
entre dois
postes.
Não sei se
azar ou sorte.
Não foi
dessa vez,
pensou e
repensou
imagens
requentadas.
Ser ou não
ser passageiro dessa carga,
dessa
aventura amarga,
desse sol
de condenados,
sentenciados
a cumprir
tais
desígnios dessa vida,
da vida de
todo mundo,
a distrair
em vão tais pensamentos
nos
corredores dos shoppings,
nas
minisséries da televisão,
só para
listar o comum
entre mil
alternativas
de fundo
despistamento,
de
maquiagem social,
de
cruzamento entrecortado
de
mensagens de whatsappes
teclando
por si mesmas
neste
intervalo, neste intermédio,
qual praga
sem vacina
e sem
remédio.
Qual
semente, ainda por germinar,
germinar o
grão
e do grão
fazer brotar farinha
e pão.
Florescer a
flor de cáctus
apesar dos
espinhos, das carcaças,
das
queixadas de gado
espalhadas
a quatro ventos.
Apesar do
cerrado.
Apesar do
sertão.
Apesar do
deserto,
da
nostalgia de mar,
trem da
saudade
sem trilho
ou dormente.
Apesar da
escassa chuva,
do sol
inclemente
que tudo
resseca
no âmago da
anima,
anima
mundi,
alma
visceral,
terra
arrasada,
terra
ferida que grita
e que
berra,
terra
poupada
dos saques
e dos
vestígios,
espólios,
de guerra.
Não foi
dessa vez,
nem será da
próxima
ou da última,
talvez,
mesmo
porque ainda
falta ouvir
e acalentar
um resto de
música
no rádio do
carro,
como um
escarro
preso na
garganta,
preso no
desprezo
do
desapego,
do
desafeto,
no malfeito
em que me
deito,
tocando
pelo avesso
o fundo do
peito.
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