não há passado nem presente.
Muito menos futuro,
olhar pra trás, olhar pra frente,
sumário ou página de rosto.
Quando a sós comigo
sou todo ouvidosou o extremo silêncio oposto.
Sou todos os meus personagens
que habitam minha realidade
e que nascem de meus sonhos.
Dos mais berrantes
aos mais tristonhos.
Sou o espelho vivo
da minha alma quando só.O crivo da voz átona
que barra o jorro,
que trava o esporro
da torrente de alegria,
voz barítona
de minhas profundezas.
Sou vento leve
de meus pensamentos fugazese a imobilidade ou movimento
de meus mais ardentes desejos.
Quando com minha solidão,
que insisto por companhia,o sol se levanta tarde
e a lua é sempre cheia,
muito pra lá do meio-dia.
A madrugada é orvalhada
e alheia a cada nuvem enevoada
em cachos grisalhos,
cabelos sem raízes,
árvores sem galhos,
brilho sem jaça,
novelos que são de lã,
de quimeras, de fumaça.
SÉRGIO PERAZZO
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