05/01/2013

QUANDO

Quando estou sozinho
não há passado nem presente.
Muito menos futuro,
olhar pra trás, olhar pra frente,
sumário ou página de rosto.
 

Quando a sós comigo
sou todo ouvidos
ou o extremo silêncio oposto.
Sou todos os meus personagens
que habitam minha realidade
e que nascem de meus sonhos.
Dos mais berrantes
aos mais tristonhos.
 

Sou o espelho vivo
da minha alma quando só.
O crivo da voz átona
que barra o jorro,
que trava o esporro
da torrente de alegria,
voz barítona
de minhas profundezas.

 
Sou vento leve
de meus pensamentos fugazes
e a imobilidade ou movimento
de meus mais ardentes desejos.
 

Quando com minha solidão,
que insisto por companhia,
o sol se levanta tarde
e a lua é sempre cheia,
muito pra lá do meio-dia.
A madrugada é orvalhada
e alheia a cada nuvem enevoada
em cachos grisalhos,
cabelos sem raízes,
árvores sem galhos,
brilho sem jaça,
novelos que são de lã,
de quimeras, de fumaça.
 

SÉRGIO PERAZZO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua atenção. Se possível deixe informações para fazermos contato.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...