24/06/2019

EPITÁFIO



Pensei
uma vez
ouvindo um velho
que conhecia
outros velhos
e o mar

Que não é possível
estar morto
pois
o que não existe
não pode
estar

Após a morte
não existo porque sou
o que me fazem
sou o que faço
sou minhas
interpretações
intermináveis
sou
essas partes
inseparáveis

Como ação
e não estado
constante
a morte é
apenas
um pedaço
da vida
seu último
instante

Em oposição
não se nivelam em porte
eis que
a vida ganha
duração eterna
se comparada
à morte

Uma se reproduz
em escala global
se continua
infinitamente
e a outra segue
inerente
mas pontual

Por isso
não chore
filho que me lê
com a minha morte
o Universo perde
de forma
praticamente indolor
numa pequena
desistência
um grande
admirador.


SAMUEL DO NASCIMENTO PONCE
Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
PRIMEIRO LUGAR CATEGORIA POESIA
II INTERMED LITERÁRIA PAULISTA SOBRAMES SP


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