A Jornada Sobrames 2013 em
Botucatu também marcou o lançamento da IX Antologia Paulista com 146 textos de
40 autores. Recebemos muitos elogios quanto a qualidade dos escritos e
aproveito agora para postar um comentário redigido pelo Dr. José Arlindo Gomes
de Sá, membro da Sobrames de Pernambuco. Esse comentário foi escolhido não
porque se refere a dois poemas de minha autoria (Um Errante Caminhar e Ao
Dobrar os Sinos), mas principalmente pelo texto consistir, por si só, um
exemplo de sensibilidade poética que vale a pena ser lido.
... De mãos dadas
com o menino que habita em mim, divago pelo universo onírico, curioso por
desvendar caminhos e lembranças cultivados na infância feliz. Tímido, descubro
através dos livros, da música e das artes, a linguagem das cores e da escrita
que me ajudam a construir um mundo de emoções. E por esses caminhos vou
deixando ilhas de afeto. Foi assim que me vi lendo seu poema Um Errante
Caminhar na Antologia Paulista 2013.
Outro poema que me chamou atenção foi Ao
Dobrar os Sinos. Vou explicar. Havia, na igreja matriz da minha pequena cidade
natal do sertão pernambucano, dois sinos. O sino maior repicava alegremente nas
festividades religiosas. O menor badala tristemente durante a semana santa, nas
missas de sétimo dia e nos enterros. Quando você diz que "...Os sinos da Matriz quebram o silêncio \ dos corações que
tentam recomeçar..." lembrei-me do sino maior, o festivo. E quando
você fala "...Tocam para perdoar os
atos insanos \ que ceifam tantas promessas de vida..." vem à lembrança
o toque do sino menor, o fúnebre. Eu sentia um aperto no coração quando ouvia
este sino que soava como se estivesse rachado, tal e qual batiam os corações
dos parentes e amigos que acompanhavam os cortejos em direção ao cemitério.
Você termina o poema com uma promessa de fé: "...Sinto que eles batem por mim. \ Reafirmam que a vida
sabiamente segue adiante. \ E eu só preciso aprender a acompanhá-la."
E aí lembrei-me dos anos que morei em Olinda e acordava com os sinos dos
mosteiros. Na Cidade Patrimônio da Humanidade, os sinos sacodem a cidade com
repiques gloriosos e me deixava em estado de graça.
Deixo a varanda do meu apartamento, onde
costumo assistir ao pôr-do-sol, os devaneios do menino com a canção dos sinos
nos ouvidos.
Esta pequena resenha é apenas para dizer que
a sua bagagem literária é um rio cujas águas se avolumam assim como o rio Tietê
na Barragem de Barra Bonita quando as águas sobem a eclusa e que lhe conduziram
aos prêmios da VII Jornada Literária da Sobrames Nacional. Parabéns e felicidades...
José Arlindo Gomes de
Sá.
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