Pedro
pedreiro completou sua ronda,
pegou
trem das onze, voltou pro aconchego.
Sabia
que a vida é bem mais do que a onda
que
se quebra na praia em doce lamento.
Debaixo
da porta, o bilhete de Ernesto.
No
olhar de Iracema, a desatenção.
Um
sinal fechado, insensato, incerto,
riscou
tantos sonhos, estrelas no chão.
O
país do futuro esqueceu o presente.
Com
máscara negra rompeu a esperança.
Torneiras
secaram em plena enchente.
Devassa
nas matas, trapaças, matança.
Como
resgatar a real cidadania,
limpar
as mazelas da insensatez?
Marina
pintou um cartaz que dizia:
“Brasil,
não desista... Tente outra vez!”
Carolina,
então, disse adeus à janela,
cansou
de esperar ver a banda passar.
Quem
passou foi o rio que ensinou Gabriela
que
pelo seu voto ele vai melhorar.
João
Valentão sonhou lindo e seguro
e
junto a Maria seu filho educou.
O
velho ainda moço chorou com orgulho
quando
Upa Neguinho, liberto, estudou.
E
essa gente humilde honrou sua sina,
guerreira
menina, corsário sem nós.
Com
fé na moral deu a volta por cima
e
na travessia soltou sua voz.
Sob
a Lua branca um unido Brasil
prediz
que o respeito se faz sem açoite.
E
eu que plantei livros, amigos, senti
que,
enfim, somos todos iguais nessa noite.
MÁRCIA ETELLI COELHO
Poesia
Vencedora do Prêmio Rubem Alves
durante
a XV Feira do Livro de Ribeirão Preto 2015
A POETA MARCIA ETELLI COSTURA EM SEU POEMA ELEMENTOS EXISTENTES DENTRO DA NOSSA M.P.B COM VISUALIZAÇÕES BRASILEIRAS POLITICAS SOCIAIS E CRIA UMA PEROLA. RITMO E IMAGENS SE ENTRELAÇAM E EMBELEZAM O CONJUNTO POETICO.
ResponderExcluirPARABÉNS MARCIA. ISTO EM VOCÊ É HABITUAL COMO ESSENCIA DE SUA CRIATIVIDADE.
LUIZ JORGE.