17/06/2015

BRASILEIRINHOS

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Pedro pedreiro completou sua ronda,
pegou trem das onze, voltou pro aconchego.
Sabia que a vida é bem mais do que a onda
que se quebra na praia em doce lamento.
 
Debaixo da porta, o bilhete de Ernesto.
No olhar de Iracema, a desatenção.
Um sinal fechado, insensato, incerto,
riscou tantos sonhos, estrelas no chão.
 
O país do futuro esqueceu o presente.
Com máscara negra rompeu a esperança.
Torneiras secaram em plena enchente.
Devassa nas matas, trapaças, matança.
 
Como resgatar a real cidadania,
limpar as mazelas da insensatez?
Marina pintou um cartaz que dizia:
“Brasil, não desista... Tente outra vez!”
 
Carolina, então, disse adeus à janela,
cansou de esperar ver a banda passar.
Quem passou foi o rio que ensinou Gabriela
que pelo seu voto ele vai melhorar.
 
João Valentão sonhou lindo e seguro
e junto a Maria seu filho educou.
O velho ainda moço chorou com orgulho
quando Upa Neguinho, liberto, estudou.
 
E essa gente humilde honrou sua sina,
guerreira menina, corsário sem nós.
Com fé na moral deu a volta por cima
e na travessia soltou sua voz.
 
Sob a Lua branca um unido Brasil
prediz que o respeito se faz sem açoite.
E eu que plantei livros, amigos, senti
que, enfim, somos todos iguais nessa noite.
 
MÁRCIA ETELLI COELHO
Poesia Vencedora do Prêmio Rubem Alves
durante a XV Feira do Livro de Ribeirão Preto 2015
 

Um comentário:

  1. A POETA MARCIA ETELLI COSTURA EM SEU POEMA ELEMENTOS EXISTENTES DENTRO DA NOSSA M.P.B COM VISUALIZAÇÕES BRASILEIRAS POLITICAS SOCIAIS E CRIA UMA PEROLA. RITMO E IMAGENS SE ENTRELAÇAM E EMBELEZAM O CONJUNTO POETICO.
    PARABÉNS MARCIA. ISTO EM VOCÊ É HABITUAL COMO ESSENCIA DE SUA CRIATIVIDADE.
    LUIZ JORGE.

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