Caía a tarde de verão naquele distante mês de férias na praia , com meus pais e irmãos . Éramos ainda crianças e cheios de muita energia . Esta não se acumulava, pois inventávamos mil atividades fora de casa , ao redor do prédio onde passávamos a temporada . Brincadeiras como corre-corre , pega-pega , lenço atrás , esconde-esconde , queimada , estátua , além de andar de bicicleta , jogar peteca , frescobol eram algumas das que compartilhávamos com nossos amigos , vizinhos do mesmo prédio e também da mesma rua . Até peça de teatro organizávamos, quer dizer meus amigos organizavam. Eu devia ter uns sete anos de idade , então só participava da peça como Bela Adormecida quando criança .
Ao lado das inúmeras brincadeiras , lembro-me bem dos fins de tarde ameaçados pela chuva , com ventos noroeste . Era , ao mesmo tempo , assustador e instigante , uma vez que ficávamos à janela , observando os chapéus-de-sol, árvores típicas da região , envergarem-se pelo vento que assobiava em nossos ouvidos ; os raios formarem desenhos no céu escuro ; e os trovões roncarem a cada seqüência de segundos , contados por nós para saber a distância em que estavam.
Nesses dias de temporais , manter quatro crianças dentro de um apartamento não era tarefa muito fácil para nossos pais . A criatividade corria solta : jogávamos Bingo , marcando os números com feijões , brincávamos de mímica , de Resta Um , de Palavras Cruzadas . Quantas vezes brinquei de Forte Apache !
Foram momentos simples , mas inesquecíveis . Hoje , ao pronunciar o nome “bolinho de chuva ”, sinto minha mente impregnada de alegres recordações de um tempo em que brincar denotava o alegre convívio num lar abrigado pelo amor e pela segurança de pais e irmãos presentes .
Ligia Terezinha Pezzuto
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