18/05/2011

O ABRIDOR DE LATAS

Morar por algum tempo em outro país pode ser uma experiência muito interessante, enriquecedora e prazerosa. Hoje, por exemplo, voltando do laboratório pude observar um coelho, daqueles marrons, correndo num dos vários jardins dos parques de Berlim Até tirei foto. Puxa! Quando poderia ter esta surpresa em São Paulo? Que delícia!
Ao mesmo tempo, podemos viver momentos muito estressantes. Vou explicar melhor: comprei um abridor de latas que simplesmente não sei usar. Foi o primeiro e único modelo que encontrei. Era diferente do que estava acostumada, mas nunca poderia imaginar que uma guerra começava.
Na primeira tentativa estava igualmente curiosa e estimulada já que poderia incrementar meu cardápio. Tentei várias maneiras, me esforcei para lembrar as aulas de mecânica do colégio, procurei simular a alavanca do abridor que já conheço e nada. Acabei abrindo a lata no murro com uma faca, já irritada nesta primeira batalha. Ok, melhor aguardar alguns dias. Na segunda tentativa, a irritação chegou mais cedo e o resultado foi o mesmo: 2 X 0 pro abridor.
Que bom! Meus pais estavam para me visitar e, com certeza, minha mãe Macgyver (o do seriado antigo de TV) do jeito que é, me ensinaria a abrir a lata. Ela também perdeu a luta. Confesso que no fundo me senti menos incapaz, e neste sentido foi muito confortante, mas continuava sem conseguir resolver meu problema prático.
Hoje foi o terceiro Round. Comecei reforçando minha auto-estima: sim, conseguiria abrir a lata de atum, bastava calma. Lembrei do dia em que feliz voltei pra casa com meu abridor novo. Comprei-o de um chinês na feira e lembro que ele me disse se tratar de um produto muito bom. Ele, o abridor, tem gravado “Made in Germany” e abre garrafa também. Não parece um abridor vagabundo qualquer e até agora se mostrou muito resistente embora eu nem sempre tenha tido delicadeza ao manipulá-lo. Fiz rapidamente as contas na cabeça: quase dois meses na Alemanha, comprei o abridor na segunda ou terceira
semana e até o momento não conseguira abrir uma lata, uma latinha! Ponderei que não tinham sido tantas tentativas assim, que tinha evitado a situação, preferindo as latas que já vêm com um puxador, ou produtos na caixinha. Mas o atum só encontrei neste tipo de lata que me obrigava mais uma vez a encarar o abridor com respeito.
Comi atum SIM! Com a ajuda de um garfo, ele teve que passar por uma fresta da lata que abri com muito custo. Assim que der, procuro o chinês na feira com o abridor em mãos para maiores instruções.

José Leopoldo Lopes de Oliveira Sobrinho

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