24/11/2014

DÚVIDA


           

Por: Maria Gertrudes Vagliengo Focássio

            O efeito se compara ao de um vulcão
            liberando sua ação extrusiva,
envolvendo em chamas o coração,
causando na alma uma chaga viva.
O ponto de interrogação penetra os olhos
como uma flecha curva envenenada
e o espírito perdido nos abrolhos
já não consegue discernir mais nada...
Tudo o que era seguro, estável,
oscila e todo o nosso ser vacila.
O ser humano é muito vulnerável:
qualquer dúvida o aniquila.
           
Nossa condição mental hesita
em naquele ente querido acreditar
e nega nossa consciência aflita
o que as circunstâncias parecem mostrar.
A dúvida resulta do racional
e tolhe a reação que tanto nos custa:
crer ou não é atitude opcional;
sinto pavor de ser injusta!
A dúvida as entranhas nos corrói,
nosso ser afoga em seu veneno;
toda a certeza e confiança destrói,
impedindo sentimento mais ameno.
Bloqueio total, reação suspensa, estagnados
perdidos, nossa conduta a gente repensa
remoendo porque fomos enganados
por que tão amarga anti recompensa?
              

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