Pequena reflexão digitada com um dedo só por quem foi surpreendido de asa partida no primeiro dia de uma nova estação sem estar ocupado com coisa mais útil
OUTONOS
(...) Tempo de mudanças ou apenas da monotonia e silêncio com que caem as folhas e deixam os galhos nus. Renovação é o que se quer e espera, quase compulsoriamente. Como se fosse obrigação. E ainda há todo o interstício do tempo em que, depois da queda, virá uma fria hibernação. Os casulos da alma estarão fechados, silenciosos e frios. É preciso deixar ir o que não serve mais para proteger o essencial. Sacrificar para preservar. Viver é paradoxal assim mesmo. (...)
PARADOXOS
(...)
Sempre é preciso um argumento chocante e inusitado para se refletir o absurdo
em que está imersa a existência humana. Amputar pode ser a única forma de
preservar e sobreviver. Plantar não é a
única prerrogativa para colher. A ignorância e o desconhecimento de verdades
impedem o bem e fazem da existência um
tormento. Estas as razões de duras batalhas e terríveis refregas. E também das
vitórias raras e circunstanciais. Por isso há muitas baixas entre as almas
menos maleáveis ou pouco municiadas de resignação e persistência. É a cruel
sina de ser uma flecha imóvel. E assim
vai, um dia depois do outro e depois do outro... E depois? (...)
QUEDAS
(...)
Tão imprevisíveis quanto a própria vida. Porém, há de se convir, só cai o que
está de pé e só quebra o que é inteiro. Depois é ver o que fazer. Erguer-se,
curar feridas, estancar o sangue. Remendar pedaços e solidificar fraturas.
Restaurar. Renovar. Não importa quanto tempo leve, a imobilização decorrente sempre
proporciona o tempo justo de traçar rotas e estabelecer metas. E tocar de novo
a vida, mesmo antes de estar totalmente em pé outra vez. De baixo para cima, é
preciso um bom impulso. Isso é o que há de se levar em conta. (...)MARCOS GIMENES SALUN
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