Disfarçando o sono que a tranquilidade
da noite lhe proporcionava, apareceu muito depressa... para se postar perto da
entrada e vê-la recolher o carro.
Tudo fechado, ela se viu dentro de casa
e calmamente se dirigiu à cozinha. Pensou em talvez tomar um chá ou um pouco de
leite antes de se deitar.
Ao acender a luz da cozinha, horrorizada
deparou-se com algo incomum em sua casa. Ali estava um pequenino ser vivo,
estacionado na parede. Não podia entender como aquele minúsculo animal podia
estar ali.
A casa quieta e solitária teria sido um
convite para um pequeno passeio mas... Os vitrôs possuíam janelas de tela do
lado de fora, que ficavam sempre fechadas. Assim tornava-se um mistério a
presença de uma lagartixa na parede da sua cozinha. Preocupada, começou a
pensar como encaminhá-la para fora. Pequenina, só podia ser filhote. Mas a que
tipo de família ela ou ele pertencia? Seria considerado um inseto... Não!
Claro! ela continuava achando que não se tratava de um inseto... seria parente?
Da família daquele inseto asqueroso com o qual se fazem piadas, ridicularizando
mulheres aos gritos ou subindo nas cadeiras ou correndo atrás com vassouras...
E que, também a covardia masculina obriga os homens baterem em retirada na
presença de um exemplar! Aquele que nos assusta e nos faz em alguns momentos
sair pedindo socorro... Afastou logo do pensamento o nome desse inseto tão
malvisto.
É claro que não. Mas a que família de
animais poderia ser essa coisa, tão diferente, com olhos saltados, um rabinho
alongado e que corre pelo jardim ou pelas paredes quando diante de alguma
ameaça?
Inconformada, observava uma lagartixa,
bem pequenina na parede da sua cozinha! Por onde teria entrado! Mas que coisa
estranha... pensava no mistério, com seus botões.
De repente, recordou que, na sua
infância, esteve na moda as mulheres usarem broches de lagartixas de
marcassita, na lapela de seus casacos. Pensando bem, não eram de muito bom
gosto. A marcassita, um mineral trabalhado como pedrinhas que, cravejadas em
prata, se prestava para fazer joias que não eram de muito valor, mas que hoje,
ainda são muito usadas.
E são muito mais bonitas e criativas.
Usam- -se muitos adereços tais como brincos, anéis, broches e colares com essas
pedrinhas.
Bem, sem saber o que fazer, decidiu que
o melhor era deixar o problema para o dia seguinte. E ainda olhando mais uma
vez aquele ser minúsculo, estacionado tranquilo em sua parede, lembrou-se de um
neto, que ainda bem pequeno, ao encontrar uma lagartixa no quintal, pôs-se a
gritar que havia um jacaré no jardim!
Não é necessário dizer que foi uma
risada geral na casa.
Afinal de contas, ele só havia visto uma
figura de jacaré em livros infantis e assim acreditou que estava na presença de
um de verdade...
MARIA DO CÉU COUTINHO LOUZÃ
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