08/05/2015

RIR É O MELHOR REMÉDIO

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Havia apenas uma luz no corredor do jardim e no portão. Pouco adiante a guarita onde um guarda que tomava conta de algumas casas.

Disfarçando o sono que a tranquilidade da noite lhe proporcionava, apareceu muito depressa... para se postar perto da entrada e vê-la recolher o carro.

Tudo fechado, ela se viu dentro de casa e calmamente se dirigiu à cozinha. Pensou em talvez tomar um chá ou um pouco de leite antes de se deitar.

Ao acender a luz da cozinha, horrorizada deparou-se com algo incomum em sua casa. Ali estava um pequenino ser vivo, estacionado na parede. Não podia entender como aquele minúsculo animal podia estar ali.

A casa quieta e solitária teria sido um convite para um pequeno passeio mas... Os vitrôs possuíam janelas de tela do lado de fora, que ficavam sempre fechadas. Assim tornava-se um mistério a presença de uma lagartixa na parede da sua cozinha. Preocupada, começou a pensar como encaminhá-la para fora. Pequenina, só podia ser filhote. Mas a que tipo de família ela ou ele pertencia? Seria considerado um inseto... Não! Claro! ela continuava achando que não se tratava de um inseto... seria parente? Da família daquele inseto asqueroso com o qual se fazem piadas, ridicularizando mulheres aos gritos ou subindo nas cadeiras ou correndo atrás com vassouras... E que, também a covardia masculina obriga os homens baterem em retirada na presença de um exemplar! Aquele que nos assusta e nos faz em alguns momentos sair pedindo socorro... Afastou logo do pensamento o nome desse inseto tão malvisto.

É claro que não. Mas a que família de animais poderia ser essa coisa, tão diferente, com olhos saltados, um rabinho alongado e que corre pelo jardim ou pelas paredes quando diante de alguma ameaça?

Inconformada, observava uma lagartixa, bem pequenina na parede da sua cozinha! Por onde teria entrado! Mas que coisa estranha... pensava no mistério, com seus botões.

De repente, recordou que, na sua infância, esteve na moda as mulheres usarem broches de lagartixas de marcassita, na lapela de seus casacos. Pensando bem, não eram de muito bom gosto. A marcassita, um mineral trabalhado como pedrinhas que, cravejadas em prata, se prestava para fazer joias que não eram de muito valor, mas que hoje, ainda são muito usadas.

E são muito mais bonitas e criativas. Usam- -se muitos adereços tais como brincos, anéis, broches e colares com essas pedrinhas.

Bem, sem saber o que fazer, decidiu que o melhor era deixar o problema para o dia seguinte. E ainda olhando mais uma vez aquele ser minúsculo, estacionado tranquilo em sua parede, lembrou-se de um neto, que ainda bem pequeno, ao encontrar uma lagartixa no quintal, pôs-se a gritar que havia um jacaré no jardim!

Não é necessário dizer que foi uma risada geral na casa.

Afinal de contas, ele só havia visto uma figura de jacaré em livros infantis e assim acreditou que estava na presença de um de verdade...

 
MARIA DO CÉU COUTINHO LOUZÃ

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