20/03/2011

ETERNAMENTE AMOR

Posso vislumbrar duas pequeninas estrelas que me aquecem. Brilham no céu dos teus olhos e são fagulhas a incendiar meus pecados capitais. Impuros desejos se agitam em meu peito, mansos, insaciáveis, silenciosos.
O que mais importa, se o universo está na imensidão do quarto? Todos os astros ali se aninham em reverência aos corpos unidos, celestialmente. Silêncio abissal no vazio íntimo do cosmos. Queima-nos o calor da explosão primordial na pele úmida e, aos poucos, apaixonadamente, se dissipa sem pressa nem pudor. Nada nem ninguém nos afeta em nossa intimidade, nada tem começo ou tudo tem fim.
Longínquos passados estão presentes em futuras galáxias que nascerão de nossos demorados beijos e carícias. Braços e mãos indolentes, satélites, circundam a terra fértil dos abraços enquanto a luxúria, em brasa, exorbita-nos. Indagas com teus dedos onde andarão meus pensamentos perdidos noite afora. Por um momento sou astro-rei e desfruto a vida eterna dos deuses, nascendo e renascendo a cada instante.
Nossos mundos docemente se contraem, num só universo em expansão. E no firmamento das paredes somos duas sombras contorcidas de fantasmas estelares, levianos, impudicos. Mil e uma noites, nebulosas, se condensam num só brilho.
Então, até a luz, em feixes, se aquieta como a réstia descuidada da manhã a nos espiar pela fresta da janela.
Fogem as horas lá fora, enquanto nós dois, enredados no amor, permanecemos. Preguiçosamente, o tempo não existe.

Luiz Giovani 

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