22/03/2011

POR QUE ESCREVO?

“... Nem sempre minha voz é ouvida pelas estrelas apesar do eco que faz
ricocheteando entre pessoas e coisas...”

Escrevo porque minha voz não consegue calar tantas e tantas palavras vazias que povoam meus pensamentos; escrevo para expulsar a repulsa por tantas vozes que não se calam dentro do meu silêncio.
Ou talvez porque não consiga impedir o sol de nascer, espantando o medo da noite que habita cada pensamento meu, tomando caminhos tortuosos e insistentemente perdidos.
Escrevo porque não consigo compreender porque a escuridão que chega com a noite invade todo o meu ser, entrando furtivamente pelas janelas da alma, trancando um grito perdido na garganta. Ou porque esta escuridão traz tantos sons desconexos trazendo de volta a criança perdida que fui e que jamais foi encontrada.
Escrevo...
Procuro uma razão, um caminho, um final de túnel dentro de umanoite eterna que me traga palavras de consolo, de alento, que consiga espantar a solidão, que me mostre, ao fim da busca incansável, o grande encontro com meus sonhos.
Escrevo como quem come a última refeição, calmamente, saboreando cada bocado de tempo como se não houvesse amanhã, como se o amanhã que eu não consigo impedir que chegue pudesse espantar a noite dos tempos que novamente invade a minha alma aflita e apaixonada.
Escrevo...
Como o carrasco que empunha a espada para o golpe fatal e que, no momento exato, arrepende-se e desvia covardemente sua arma invadido pela misericórdia, procurando um motivo, uma desculpa esfarrapada que justifique tanta insanidade.
Escrevo porque preciso soltar o rio que desabrocha de fontes inesgotáveis de palavras, sentimentos, ações, para que junto com o sol que teima em nascer e morrer, acalente a solidão, a angústia, o abandono. Ou para espantar, esconder, desviar-me a atenção deste mesmo sol que nasce matematicamente para morrer, da noite que se avizinha, do medo da solidão e da angústia para que, independentemente de minha vontade, eu volte a viver na insanidade dos tempos, a respirar tantas cores e sons, a transgredir o limite de meus pensamentos na busca eterna de todas as respostas.
Escrevo para que minha alma orgulhe-se de mim, para que meus medos fortaleçam-me nestes momentos perdidos em que busco a razão de minha própria existência dentro de infinitos vazios de meus pensamentos sombrios.
Escrevo para que as palavras que fazem eco nas estrelas tragam a esperança do grande encontro com a criança perdida que habita minha alma desde sempre. Escrevo para que ela tenha a chance de encontrarse com seus sonhos e libertar-se de todos os medos e palavras sem vida.
Escrevo porque vivo. Não, não... Escrevo, porque preciso viver...

Roberto Antônio Aniche

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