com tristes nuanças, de cores tão cruas,
em retas ou laços tortuosos, trançados,
é a busca de espaço, que expresse o que sinto,
ao ver pelos cantos sombrios das ruas,
o humano bagaço de povos magoados...
De gente lançada nas margens da vida,
em fosso profundo, sem fundo, despida
de roupas, carinhos e tão “carenciada”,
sem teto, saúde, uma escola,... comida,
que existe,...não vive,...resiste... e perdida,
que assalta drogada,... vai presa,...gradeada!..
As linhas cruzadas, em suas convergências,
demonstram, truncadas e sem perspectivas,
a ausência de vias ou metas perdidas,
ocultas na sombra, em longas pendências,
por onde, malvadas, se escondem, furtivas,
mancadas, enganos,... e insídias urdidas.
A tela de sombras que tinge essa imagem,
calada linguagem de angusto protesto,
sabor de absinto, que amarga-me o peito,
por tantos efeitos de vil vassalagem,
de extorsos, de ofensas, de afrontas, que atesto,
transfunde meu verbo no quadro perfeito
de Sacro Sudário de injusta investida!...
Chagado, esse povo de infausto cenário,
repete o Sagrado Martírio da Cruz
e, humilde, espelhando existência dorida,
em mística, vive de novo o Calvário,
no Corpo Divino de Cristo, Jesus!...
Aldo Miletto (in memoriam)
Não cheguei a conhecer Aldo Miletto pois quando eu ingressei na Sobrames ele já havia falecido.
ResponderExcluirGanhei o Prêmio Aldo Miletto como melhor desempenho Sobrames SP em 2010 e por isso fiquei surpresa e muito emocionada ao ler essa linda poesia.