Nós, seres humanos, somos exatamente “BICHOS-DE-PAREDE”. Acredito que a maioria dos leitores já meditou na situação do nenê, no começo de sua existência, como é que ele se acomoda dentro do útero da mamãe gestante.
Mas acredito também que muitos leitores não se aprofundaram nessa questão de como a natureza interfere ou interferiu na nossa “hospedagem” dentro do útero da mamãe para sobreviver durante 9 meses e dez dias, até que chegasse nossa vez de sair e logo respirar e chorar bem alto para comemorar nossa liberdade de ser mais um ser humano.
Estou ilustrando os presentes comentários com quatro desenhos esquemáticos que fiz de um ÚTERO pode dentro (no original). As paredes do útero são espessas, mais ou menos 12 milímetros , sendo parte de baixo dele aberta para dentro da vagina. Numa relação sexual, os espermatozóides são esguichados ali no alto da vagina e logo tratam de entrar no útero e começar a subir em direção aos dois buraquinhos que há à esquerda e à direita onde desembocam as duas trompas. Se a mencionada relação sexual acontecer meio mês após uma menstruação, poderá haver um óvulo feminino no meio da trompa à espera do espermatozóide mais rápido que vai nele penetrar deixando o rabinho dela pra fora. Essa fusão se denomina FECUN-DAÇÃO: forma-se um OVO que logo começa a se multiplicar em 2, em 4, em 8, em 16, etc., enquanto caminha em direção ao útero.
Essa mencionada multiplicação do OVO forma uma imagem semelhante a uma amora, motivo pelo qual recebe o nome de MÓRULA. No 1º desenho que fiz, aparece uma mórula entrando no útero. Só que ela não pode ficar aí solta porque pode cair pela abertura que há embaixo do útero e adeus gravidez.
O que a mórula faz? Ela procura grudar no sangue que está acumulado na parede do útero, em qualquer nível, como mostrei no segundo desenho, por dois motivos: primeiro para não cair pelo buraco que sai na vagina e segundo porque aquele sangue da parede do útero lhe servirá de fonte de oxigênio e de alimento. Nessa fase, a mórula começa a soltar pequenas raízes para se firmar no útero e este atende o socorro e logo cobre ou envolve a mórula, emitindo também pequenas raízes de sangue que se entrelaçam nas raízes da mórula. Essas raízes entrelaçadas vão constituir a futura PLACENTA. Esse fenômeno da mórula ficar presa dentro de um dos lados da parede do útero se denomina NIDAÇÃO e é somente quando ocorre tal fase que nós podemos afirmar que a gravidez se iniciou, isto é, ocorreu a CONCEPÇÃO.
Pela forma como expliquei que o futuro embrião entre dentro da parede do útero é que posso afirmar seguramente que nós, seres humanos, somos “BICHOS-DE-PAREDE”. Comparando a parte interna do útero com uma sala, o que acontece é que o futuro embrião, ao invés de se alojar de algum jeito nessa sala, não é isto que ele faz. Para sobreviver, ele penetra na parede da referida sala como se fosse uma formiga um cupim.
No terceiro desenho que fiz a mórula já penetrou na parede do útero e já foi envolvida por ele. Com o sangue e o oxigênio que o útero lhe fornece, a mórula começa a crescer e a evoluir rapidamente, tomando logo a forma de um embrião, com cabeça, membros e a barriga de onde sai o cordão umbilical chupador de sangue.
Com esse crescimento do EMBRIÃO, aquela parte da parede do útero onde ele está vai estufando, vai-se enchendo de líquido para envolver o corpo do futuro bebê e a parede dilatada acaba encostando e se fundindo à parede oposta, num mecanismo fantástico da natureza porque, acontecendo isto, o útero fecha temporariamente a comunicação dele com a vagina, isolando o embrião de infecções e impedindo que ela saia por ali antes do dia.
Depois de todo este relato que fiz somente me resta dizer que nós, seres humanos, somos realmente BICHOS-DE-PAREDE, mas somos os melhores de toda a raça animal existente no mundo.
Guaracy Lourenço da Costa
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