24/03/2011

What Is Your Name?

Determinadas brincadeiras seriam perfeitamente dispensáveis e
até inoportunas, dependendo da pessoa e do momento.
Concluí minha formação secundária em 1955. Tinha um irmão (mais
velho), durão, que trabalhava no cartório de registro civil da pequena
cidade de Arapongas,no norte do Paraná.
Ao perceber que eu havia concluído o primeiro grau e sabendo
que não existia escola para continuar os estudos na cidade, propôs-me
estudar na capital e eu topei,claro.Meu pai era homem de poucos recursos
e meu irmão estava se propondo a me ajudar.
Fiquei um pouco apreensivo, tremi um pouco na barra, mas,topei!
Tomadas as devidas providências, fui cair exatamente em um
Colégio de padres,cuja professora de inglês, daquelas solteironas de óculos
com lentes redondas, além de tudo, era irmã do padre-diretor.
A primeira aula, foi exatamente com ela, e, ao ver-me ,na primeira
fila e no primeiro dia de aula, perguntou: o senhor é novo no Colégio, pois
não? Estava na cara que eu era novo no Colégio, Curitiba tinha uma
população de polacos, ucranianos e alemães nuito grande e eu, árabe
daqueles dos cabelos pretos e sobrancelhas cerradas. Como diziam meus
colegas, parecia um guidão de bicicletas.Arafat era fichinha perto de mim.
Continuando o interregotório, ela completou: o senhor sabia que
nós, aqui, só falamos em inglês com os alunos?!
- Não, não sabia, não senhora.E ela continuou, “O senhor está
preparado para isso?”
- Não senhora. E ela continuou: “bem, pelo menos o mínimo
necessário o senhor tem que saber: Well, what is your name?”
E eu repondí, no ato: “My name is Name.”
- I‘m just asking – your name.
- But, my name is name
Com esta resposta todos riram discretamente e ela, com ares de
bronca, olhou-me, com olhar fulminante e nada respondeu.
A senhora permite que eu escreva meu nome na lousa? Sim,
respondeu. Levantei-me, e escrevi meu nome completo. Virei para ela e
respondi:
My name não é name, dona!?Todos riram bastante, pelo inusitado
da situação.Aliás, morriam de medo dela.
Este episódio teve conseqüências terríveis para mim.
Nunca consegui tirar mais do que 2 em inglês, até terminar o primeiro
semestre.
No meio do ano, nas chamadas festas juninas do colégio, um dos
colegas do grupo “surrupiou” uma bandeirola (flâmula) que pertencia ao
Colégio e eu fui acusado de ser o autor da façanha.
O padre-diretor,mandou me chamar e perguntou se eu havia
levado o objeto e eu respondi que não.
Ele sentenciou, no ato, o senhor está suspenso até aparecer esta
flâmula. E completou dizendo que eu estava na rua e que todos os dias,
pela manhã, no horário do início das aulas eu deveria me apresentar e
permanecer no portão principal (que dava para a calçada) do Colégio e
ali deveria permanecer, de pé, até o término das aulas, às 12 horas.
Assim ele determinou, e assim foi feito.
Passou-se quase um mês e o verdadeiro autor da façanha, colega
de bom caráter, saiu do anonimato.
Apresentou-se ao padre-diretor e confessou que fora ele o autor
da brincadeira. Mesmo assim, o padre não suspendeu minha punição.
Afinal, era esta a grande oportunidade de ele vingar a irmã.
Enfim, tive de mudar de Colégio no segundo semestre pois o
ambiente ficou insustentável.
Moral da história: Brincadeiras, têm hora e lugar....

Mário Name

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua atenção. Se possível deixe informações para fazermos contato.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...