Lembro-me nitidamente quando criança das manhãs de domingo. O sol não se acanhava em dardejar seus raios através dos vitrais da igreja de São Pedro Apóstolo, iluminando, aquecendo e animando o recinto. O altar era carinhosamente enfeitado com flores e adereços dispostos de acordo com as festas litúrgicas. O silêncio do ambiente era quebrado pelo cantarolar dos pássaros que voavam garbosamente de um lado para o outro.
Nesse cenário eu comecei a aprender de forma simples as inestimáveis riquezas da fé católica. Não eram tão-somente conhecimentos teóricos impalpáveis, mas sim práticos e acessíveis àqueles de boa vontade.
Esses ensinamentos, que foram sedimentados paralelamente no Ginásio Santa Gema das Irmãs Passionistas durante oito anos, de forma explícita e implícita, tiveram reverberação em minha casa onde meus pais procuravam igualmente viver de acordo com aquilo que acreditavam.
Guardo com muita ternura e gratidão a figura de meu pai, sempre ajoelhado ao lado de sua cama conjugal antes de se deitar, independentemente da fadiga do seu dia.
Dentre as mais belas fórmulas de oração que tenho em estima cito o Glória, hino que de forma simples e direta louva a Santíssima Trindade; o Pai-Nosso, ensinado pelo próprio Jesus, filho do Pai e, a carinhosa Ave-Maria, em homenagem à mãe do Redentor. Aliás, a sua primeira parte é toda bíblica, portanto neotestamentária.
Ao longo de minha vida tenho recitado esse singelo hino de louvor a Maria Santíssima algumas centenas de milhares de vezes... se não foi mais de um milhão!
Sim, muitíssimas Ave-Marias tenho declamado das mais diversas formas: compenetrada, desconcentrada, atabalhoada, rápida, vagarosa, meditativa, mecânica, solene e informal. O que importa é que como meta principal, sempre almejei com essa prece louvar Nossa Senhora e agradecer a Deus por ela.
Interessante é que a sua segunda parte começou a ter um sabor diferente ao longo dos anos. Tenho proferido-a tal qual um náufrago que vê sua salvação ao abraçar vigorosamente um tronco de madeira que baila ao léu pelas marolas e ondas do oceano.
À medida que o tempo passa, eu recordo com ternura dos tempos da minha inocente infância, quando não tinha condições de aquilatar o peso, a densidade de cada palavra e de cada sentença das inúmeras Ave-Marias que recitei.
Ao me aproximar do crepúsculo da existência com a maturidade reunida, conto cada vez mais com a esperança de um órfão ao dizer: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós (pobres) pecadores, agora e (sobretudo) na hora (exclusiva) de nossa morte – Amém.
Helio Begliomini
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