A expressão cravo e canela lembra Bahia, lembra sensualidade, lembra Jorge Amado...
Queria fugir da faxina
minguar essa imensa mazela.
Ouvindo o assobio da esquina
depressa me por na janela.
Um jovem bonito se achega.
Nas mãos, uma rosa amarela.
Num simples descuido me beija.
No olhar, a promessa singela.
Queria esse amor para sempre
me sinto de novo donzela.
Sorrio... Estou tão contente,
feliz qual final de novela.
Patroa, porém, não perdoa
e chama: Vem cá, Gabriela!
No tanque a ilusão se ensaboa.
Lavar minhas mágoas? Quem dera!
Há tanto a fazer na cozinha:
torneira, talheres, tigela.
Trabalho que nunca termina.
Mereço uma vida mais bela.
Em vez do perfume da rosa
eu mexo e remexo a panela.
E o sonho que agora se forma
tem cheiro de cravo e canela.
Márcia Etelli Coelho
BELISSIMO POEMA! DE RITMO E CADENCIA TAL, QUE SÓ FALTA RECEBER O VESTIDO DECOTADO DE UMA MELODIA COMO AS SÃO MELODIAS MALEVOLENTES DA BAHIA.
ResponderExcluirMARCIA, RETIROU DO MEIO DO AZEITE DE DENDÊ, ESTES VERSOS, E O ENROLOLOU EM FOLHAS DE BANANEIRA COMO TAPIOCAS ALVAS E AVIDAS.E SE FRITAR TUDO ISTO. NINGUEM DECLAMA, NEM RIMA, NEM CANTA, SATISFEITOS DEITAM PARA BAHIANAR. LjORGE.
Seu comentário também é pura poesia. Um abraço. Márcia.
Excluir