Acredito, porém, que a maior crise de todas seja a ausência da verdade. Este sublime personagem arrumou as malas e partiu sem que ninguém saiba o seu destino. O que existe, no seu lugar, é uma “verdade”, fabricada segundo os interesses de quem a fabrica. Poucas pessoas partem para um questionamento. A maioria prefere não pensar e opta por seguir o caminho comum. Por que discordar se já existe um consenso do que seria a verdade? Afinal, ela já está preparada e servida. É só engolir e pronto.
A falta da verdade trouxe alienação e perda de rumo para a sociedade. Como não se sentir preocupada com esta mistura de apatia e resignação. Muitas vezes, as pessoas preferem não enxergar e continuar vivendo um sonho agradável. Sentem-se bem por estar em sintonia com o todo, feliz por não destoar.
Uma das grandes “verdades” fabricadas transmite a ideia de que para ser, você precisa possuir. A compulsão pelo consumo tornou-se um fenômeno mundial, que atinge até a China. Nas viagens pela Europa, o que mais se vê são lojas lotadas por orientais que compram freneticamente o seu sonho de consumo. Ninguém sabe exatamente o porquê, mas se aceita como verdadeiro que aquela compra poderá deixá-lo mais feliz. No Brasil, a febre das compras se espalhou pela população e substituiu os ideais mais nobres, tais como saúde, educação e cultura.
Quando se ouve que algo deu certo, ninguém duvida. Quando se diz que é bom, todos seguem. Se o discurso impressiona, concordam prontamente. É difícil lutar contra a vontade de acreditar.
SHEILA REGINA SARRA
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