06/05/2014

NO ESCURO TOUCADOR DA NOITE

                         

Quantos véus a noite despe para encontrar o atalho
Das longas horas insones, sem carícias nem perfumes
Sem hálito inebriado, sem sideral estrelado
Ou beijos ansiados calando tantos queixumes?

Não é por qualquer vaidade ou por rude egoísmo
Que o mar engole montanhas (e fenda abissal desenha!)
Escondendo com beleza funda paisagem de abismo
Enquanto na superfície um verde-esmeralda empenha!

Será que sou quem tu dizes - vaidade e mesquinhez! -
Por ter o desgosto incrustado no peito de mil pecados
Cobrados e executados à custa da viuvez,

Ou serás tu o acusado de ter debalde emprestado
Teu tempo, outrora sagrado, em causa que se desfez
E hoje dorido me apontas a dor que não te causei..!?

JOSYANNE RITA DE ARRUDA FRANCO

PRIMEIRA MENÇÃO HONROSA
PRÊMIO BERNARDO DE OLIVEIRA MARTINS 2013

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