Para sua volta entreabri a porta torta.
E coloquei de sentinela uma lua velha.
E um casal de pássaros, ambos mudos.
Olhando o arco íris grafitado no céu.
Coloquei um apodrecido retrato 3 x 4
Espalhei boas-novas, e desenhei estrelas.
Eu soprei areia sobre as asas abertas dos anjos negros.
Quase molhei a tarde com uma chuva azeda.
Quase de noitinha eu cantei modinhas que mesmo nem sei.
E a esperei os dengos sem lembrar de um Tango da safra de Gardel.
Fiquei cabisbaixo quando os relógios dormiram também.
Quando o sono veio a galope.
Dispensei a lua, apaguei os pássaros, recolhi a areia,Enxuguei a chuva, empalhei os anjos, me tornei mais mudo,
Assustei os chamegos, e fui ate a porta, enxotei a noite,
Transformei o Fado em um velho Xote.
E com meu relógio fiz um barco tosco que lancei na chuva
para que fugisse para o nunca-mais com o teu retrato.
Só a porta larga, quase enferrujada, não fechei.
LUIZ JORGE FERREIRA
SEGUNDA MENÇÃO HONROSA
PRÊMIO BERNARDO DE OLIVEIRA MARTINS 2013
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