Na
sala de embarque do aeroporto de Madri uma grande movimentação. Uma guia
baixinha corria de um lado para o outro. Simpática, usava um chapéu com uma
flor grande e bem colorida. Explicava a todos que era assim espalhafatoso, para
que não a perdessem de vista. Com umas páginas na mão tinha a sua lista de
excursionistas e corada pela agitação ia conferindo no seu calhamaço de muitas
páginas. Tentava encontrar os turistas
novos. Estes deveriam se agregar ao
grupo que já havia feito os passeios pela Espanha. A excursão agora tomaria o rumo dos países nórdicos.
Podia-se observar como o grupo era interessante e bem heterogêneo,
como acontece quando se reúnem pessoas dos mais variados países. Chegavam novos
excursionistas e como não poderia deixar de haver, também alguns espanhóis. No
saguão bem movimentado estavam casais jovens ou mais velhos. Viam-se
brasileiros, japoneses e também casais dos países árabes, quando as esposas
muito bem vestidas, traziam a cabeça coberta por lenços coloridos enrolados
pelo pescoço, de maneira a esconder os cabelos.
A guia se preocupava em verificar
passaportes e responder às perguntas que lhe dirigiam, dando as boas vindas
sempre falando em inglês.
A
animação pressagiava dias interessantes no convívio dos excursionistas.
Naturalmente havia olhares curiosos, porém disfarçados, mas que certamente aprovavam a algazarra muito
animadora. O que é comum entre pessoas
que estariam convivendo e até fazendo novos conhecimentos pelos próximos dias.
A excursão dirigia-se a Oslo primeiramente. E depois de visitar toda a Noruega,
partiria para visitar os demais países da Escandinávia.
De repente
a tão esperada chamada para embarque. Formadas as filas partia assim um grupo
de pessoas que certamente com grandes expectativas e curiosidade, esperavam
aproveitar a sua viagem. Tudo corria
como era esperado. Um voo tranquilo de
poucas horas
Assim, depois do avião posado, retirada das malas e o
embarque em ônibus que levaria os excursionistas para o hotel, mais uma vez a
guia se deteve em explicações quanto ao horário das refeições, partidas para
excursões e hotéis. Porém, era importante que não esquecessem o jantar, de boas vindas, que se daria dali a
poucos momentos Era a ocasião bem propícia
onde todos poderiam se conhecer e aproveitar para se apresentarem, visto
que passariam duas semanas de convívio agradável e repleto de surpresas muito
bonitas.
Timidamente, à
hora marcada os turistas chegavam para o jantar e todos iam se acomodando nas
longas mesas muito bem enfeitadas com flores. Os copos de um tamanho maior do
que o costume.
Um jovem senhora, pequenina, simpática e até mesmo
bonita buscou lugar na mesa. Ela deveria
ter seus quarenta anos, e à sua frente sentou-se um senhor, alto, elegante, bem
simpático, um pouco mais velho. Logo se identificaram nascidos na Espanha e,
viajando pela primeira vez. Ela, modista em uma pequena cidade escolhera a
Escandinávia por ter uma grande curiosidade. Ele, elegantemente vestido, de
terno e gravata logo explicou que era filho de noruegueses. Mas havia nascido e
vivido sempre em Madri. Chegara finalmente
o momento de conhecer a pátria dos pais.
A guia, sempre alegre e preocupada fez alguns comentários a respeito do jantar.
E enfatizou o costume de se fazer um brinde como faziam os antigos povos
nórdicos, da Noruega. Ao levantar o copo com cerveja, a palavra para saudar era
Skol que significava saúde e após, deveriam bebê-la de uma só vez. Sem demora o
senhor espanhol, erguendo o seu copo,
elegantemente e olhando para sua conterrânea à sua frente, proferiu muito
compenetrado : Skol, senhora! . Ela o olhou um pouco assustada, mas erguendo o
copo tocou no do seu companheiro de viagem, repetindo a saudação. Mas não podia
desapontá-lo... deveria retribuir o seu brinde
e deixar o copo vazio...
A excursão seguiu seu rumo e naturalmente enfeitou e
cumulou de surpresas agradáveis e enriquecedoras todos os seus participantes.
Como de costume no final, as despedidas. Os excursionistas educadamente
trocavam cartões de endereços próprios e promessas de manterem
correspondência. Ou talvez encontros em
seus próprios países. Afinal a convivência de poucas semanas propiciara alguns
bons e simpáticos conhecimentos.
Algum
tempo depois, em uma praça de Madri, em uma calçada viam-se lindos guarda-sóis, enfeitando algumas
mesinhas de uma confeitaria. Em uma
delas um senhor elegante, sentado à frente de um copo de cerveja, aguardava a
chegada da excursionista companheira, que o havia encantado na viagem à terra
dos seus ancestrais.
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