13/03/2012

O ELEITO

Na região de Flandres vivia um rico e poderoso duque Grimald e sua esposa. Sendo cavaleiro e cavalheiro, costumava cavalgar seu fogoso animal castelhano pelos domínios, pois habitava um belo e fortificado palácio no qual mantinha sua família cercada de carinho, amizade, amor, educação aprimorada e senso de retidão. O nobre casalzinho de filhos era educado por mulheres experientes com a máxima higiene com o intuito de preservar e cultuar hábitos saudáveis. Dessa maneira, os dois conviveram sua alegre infância. Um era a imagem especular do outro. Compartilhavam os brinquedos, as brincadeiras e os folguedos próprios da criança. Veio à puberdade as diferenças do sexo se realçaram: nela o rosto delicado nos olhos belos, atraentes e investigadores, boca delineada e sedutora, face corada e rubra ao sorrir; no peito os seios rijos, pontiagudos, roçavam as vestes, neles, coladas; a nádega realçava o crescente traseiro; enquanto que a região púbica se mostrava delicada no seu desenvolvimento. Seus pais haviam falecidos
No rapaz o rosto recendia ao ímpeto másculo, sensual no olhar que observava o delicado contorno da linha feminil.
O casamento ocorreu naturalmente graças ao convívio intimo que desabrochou o amor delirante e apaixonado entre os irmãos amantes e eternos namorados. Dessa relação surgiu a gravidez que, lenta e progressiva, dava sinal a irmã de uma vida que crescia em seu ventre.
Portanto, era necessário socorrer ao idôneo ministro e sua mulher para encontrar ou desvendar o melhor caminho para o casal irmão, agora cientes do amor pecaminoso, todavia real e apaixonado. O ministro e sua esposa cautelosos levaram-na ao seu palacete e a colocaram no quarto da torre, justamente ate o derradeiro instante. A esposa do Ministro auxiliou no parto, que fluiu tranquilo e natural. A amamentação transcorreu alegre e saborosa, mas no décimo sétimo dia era chegada à hora da decisão.
Seu irmão partira em peregrinação a Jerusalém, no entanto veio a falecer e seu fiel escudeiro o trouxe de volta para realizar o triste funeral, no qual a irmã esposa não deveria se comover diante do povo.
Assim a criança bem alimentada e devidamente envolta em precioso lençol houve a dolorosa despedida materna; plena de devaneios.
Colocada num barril bem envolvida com lençol de seda, algumas vestes de linho, um quadro explicativo, além de moedas de ouro embutidas em dois pães. Muita tristeza e muito pedido a Deus e a sorte que fosse encontrado. Felizmente, isso ocorreu graças a dois pescadores que encontraram o barril e o trouxeram a praia de Agonia Dei, local de um monastério dirigido pelo Abade Gregorius. Ao ir a praia comprar peixe se defrontou com os irmãos pescadores pouco interessados, pelo que podia revelar o barril. Astuto o auscultou e, de imediato ouviu uma criança choramingar; ao abri-lo descobriu o recém-nascido e, reteve todo conteúdo existente no barril ao ler atenciosamente, tudo que estava escrito. Ordenou que o levasse pra casa e, a esposa do pescador, que tinha um recém-nascido, alimentasse o bebê. O Abade deu o nome à criança de Gregori.
A família cuidou dessa criança auxiliada pelo Abade; que deu a humilde clã duas moedas de ouro, mas afirmou: a partir do cinco anos o estudo e a educação ficaria, tão somente do meu encargo; tanto cultural quanto a moral que se tornou rica e ilibada.
Houve um entrevero entre os irmãos e, o filho lídimo disse que Gregori era bastardo, ferindo-o pelas rudes e ferinas palavras. Gregori triste partiu para o convento e, ele e o Abade, juntos numa conversa clara esclareceram todos os processos do encontro do barril pelos pescadores, a roupa, os dizeres no quadro, a aplicação do ouro, até a presente data.
Gregori navegou e aportou num local onde o povo estava temeroso de um déspota rude, barbicha, que punia todos aqueles que não cedessem a sua força ou a intenção de possuir a rainha do reino dominado. Não conseguia há anos conquistar uma rainha. Gregori desejou enfrentá-lo e se dispôs a lutar contra esse impostor pleno de artimanha e esperteza.
Venceu–o graças a sua astucia e perspicaz audácia presa à habilidade Prende-o e deixou-o em liberdade desde que respeitasse o reino da rainha devota e solitária. Ao recebê-lo e ao beijar a mão da donzela; ela se enamora do jovem valente e aguerrido.
Casam-se, vivem felizes, mas o jovem Gregori ocultava suas referenciais guardadas num sótão do palácio. Certa ocasião uma criada descobriu e narrou a patroa. Esta organizou uma caçada e, dessa maneira descobriu o sigiloso segredo do marido: era o seu filho colocado no barril.
A descoberta frustra mãe e esposa do filho. A penitência ocorreu. A dor afligia o casal mãe e filho marido. Édipo e Jocasta!
Gregori, vestido de mendigo, iniciou sua sofrida e dolorosa peregrinação. Atingiu a casa de um pescador na sua rota clandestina. Este o insultou, chamou de vagabundo, mas por Deus a esposa criticou o marido que mal humorada permitiu que pernoitasse. No dia seguinte o levou a uma rocha marítima isolada que tinha no topo uma plataforma na qual se acumulava um liquido semiescuro misturado à chuva e, com as ondas que derramavam nutriente marinho de sabor agridoce.
Foi devidamente nutritivo como húmus ou o néctar da vida. Os grilhões atados aos pés, fechados a chave, permitiam apenas que a cabeça livre se movesse e bebesse o liquido precioso que no tempo se tornou essencial a sua sobrevivência. As pernas afinaram e se soltaram dos grilhões, mas continuaram presas ou retidas ao local de sua desejada e ferina penitência física aliada à razão meditativa solitária à fortuna natural.
As estações dos anos iam e vinham, enquanto que a barba longa protegia seu rosto da agressão solar. Dessa maneira se tornou um anão como um homem primitivo e graças ao húmus alimentou-se durante a sua sobrevida.
Nesses quinze anos de sua prisão, o suborno, a subversão corria a passo largo em Roma. Probus e Proba tiveram uma visão, uma revelação e não um sonho.
Um cordeiro ensanguentado abriu a boca e disse: Há um papa e, foi escolhido para vós. É Gregorius está longe daqui; tu foste designado a buscá-lo. O eleito se encontra em pedra erma, inteiramente só e solitário, há redondos dezessete anos. Procure-o e traga, pois dele é o trono.
A natureza determinou o caminho e, a sorte foi ornamento do busto de Pã.
As ações baseadas na fé movem montanhas ou parecem insensatas.
O pescador pegara no lago, com rede um excelente peixe, um Lúcio, grande que iria vender a bom preço na vila. Conseguiram os peregrinos, auxiliados pela esposa chorona, ficar na modesta casa.
Ao abrir o Lucio a chave estava em seu estomago e a mulher aflita revelou a verdade sobre a rocha marítima na qual se prendia Gregorius. Na rocha, uma criatura peluda e diminuta que disse a eles: afastem-se de mim! Fênix ressurgiu?
Alimentou-se no peito da mãe natureza. Tinha fome alimentaram-no. Reconheceu a mulher e disse: eu a absolvo.
Eis o papa culto da Agonia Dei vindo do sofrer para o povo; unificou a igreja; persuadiu aos barões; tolerante, misericordioso e espiritual nas atitudes.
Abençoou e conviveu respeitosamente com sua família; certo do amor de Deus pelo afortunado e nobre destino na espinhosa sina da vida.

Adaptação: Evanil Pires de Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos sua atenção. Se possível deixe informações para fazermos contato.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...