07/12/2012

UMA VELHA SENHORA

Não perco na memória a figura da velha senhora.
Quando a visito, sempre as Quinta feiras.
Rotineiramente lhe encontro ali sentada entre Contos, Poemas e Crônicas. Lendo-os ou relendo-os. Coisa que faz com muita alegria.
Alguns autores vão até lá e lhe apresentam os trabalhos pessoalmente, ou os mandam deixar, outros seus trabalhos vem a ela por publicações chegadas de outras regiões do Brasil.
Prima de outras velhas senhoras  que criaram este intercambio.
Grande anfitriã serve generosos pedaços de pizzas, e oferece aos visitantes, vinho.Ela tem paixão por Pizzarias inclusive sua sala é decorada à semelhança.
Deliciosas noites de Quinta-feira quando vou lhe visitar.
Alguns antigos freqüentadores já foram para o lugar de onde vem toda a inspiração. Sempre ela lembra  deles e lê os seus trabalhos, e recorda suas presenças.
Ela está envelhecendo percebo. Em sua casa, bem próximo a ela há sempre uma cadeira de vime vazia, onde a lembrança dos ausentes cuida de descansar. E na segunda estante um toca disco, e enfileirados muitos Long Plays dos quais  o que mais ela põe a tocar é um dos Golden Boys.
... E se eu fosse você.
Eu costumo chegar ainda sujo do dia. Uma sacola de plástico cheia de escritos, e exausto da lida, mas quando entro refaço-me é como se eu chamasse a todos que lá estão de irmão e irmãs.
A velha senhora diz ter 24 anos.
Eu a acho mais envelhecida. Talvez seja porque eu só tenha olhos para palavras escritas e só tenha ouvidos para literatura lida.
Pode ser por isto, mas pode ser por outras coisas.
 
Luiz Jorge Ferreira

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