Estamos vivendo em uma época onde o
maior destaque está nos aparelhos eletrônicos e seus novos recursos.
Privilegiamos a comunicação por meio do teclado. Consideramos deselegante e
impróprio, o contato direto. Somente as pessoas muito desinformadas dos novos
hábitos têm a coragem de telefonar para tratar de um assunto por meio da velha
conversa verbal.
A cada dia que passa, ouvimos menos
a voz das pessoas. Mesmo quando sentadas lado a lado, preferem manter contato
por mensagem digitada. É possível até que, num futuro mais distante, pelas leis
da natureza, tenhamos uma atrofia das cordas vocais. Somente os políticos terão
esses órgãos bem desenvolvidos e saberão usá-los publicamente. Os outros seres
humanos escutarão passivamente a voz de seus guias e usarão o teclado para
compartilhar suas impressões.
Sem
dúvida, há vantagens nesse sistema. O som estridente e alterado das vozes que
brigam é substituído pelo Capslock. As mensagens desagradáveis podem ser
rapidamente excluídas, sem a necessidade de serem lidas por completo. O Ctrl C
pode facilitar a vida de quem deseja conquistar alguém, multiplicando as
chances de um retorno positivo.
Ninguém mais se expõe publicamente
como nos velhos tempos.
Resta, apenas, falar do efeito
colateral dessa analgesia imposta no terreno da comunicação social. A alienação
emocional avança e se espalha cada vez mais. As pessoas, apesar de muito bem
informadas, não conseguem corresponder emocionalmente às solicitações. Será que
perdemos mais do que ganhamos?
SHEILA REGINA SARRA
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