20/03/2011

MISTÉRIO

          Uma jovem senhora contou-me que sempre teve horror a ratos. E como moram a meio caminho da zona rural, próximo a um brejinho, ratos é que não faltam. A situação complicou-se há semanas com uma das piores enchentes que a região já sofreu. Ela verificou, com horror crescente, que ratos podem nadar. Em sua casa, na porta de seu quarto, colocou papelões dobrados para impedir que passassem por baixo da porta. O problema é que o estratagema não foi suficiente.
          Uma noite ela encontrou um rato dormindo placidamente no cobertor, fez um escândalo, deu toda a roupa de cama para outra senhora, que filosoficamente comentou que não se importava tanto assim com ratos, “fazer o quê.
          Ela comprou tudo novo, lençóis, fronhas, travesseiros, cobertor, camisola, reforçou os papelões na soleira da porta. Teve paz por uns tempos, até que acordou de noite com um rato passeando no seu braço. Acordou todo mundo com o barulho. O irmão descobriu que o intruso estava morando no sofá da sala, pelos excrementos, e o perseguiu por toda casa madrugada adentro, sem sucesso. Ela não conseguiu dormir, atenta a qualquer barulhinho.
          Quando o dia clareou, veio a surpresa: o rato havia corrido para o quarto do pai dela, gerando mais um mistério: se o bicho sabia nadar, como é que ele se afogou no conteúdo do penico? As explicações para o fato (rato exausto, urina venenosa, remédios que o pai tomava) fizeram a família transformá-lo numa lenda semi-urbana, e dar boas risadas!

Alitta Guimarães Costa Reis

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