Loucura... A vida é inebriante, cada cena, cada momento, cada passo é tão cheio de luxúria que os olhos não encontram o horizonte. O prazer, a música, a luz, numa mistura de alegria e sedução tornam-se o caminho único a ser seguido na direção das alturas dos céus.
E neste caminho incrível traçado pela juventude extrema e vigorosa haveria que se dividir tudo: luz, prazer, caminhos, felicidade. Haveria que se somar sentimentos como carinho, amor, alegria, tempo.
Mãos dadas deveriam ser uma só trocando o calor da alma pelos dedos, pelos lábios, pelos sorrisos.
Olhos deveriam ser a janela da alma, uma dentro da outra, não trocando, mas doando experiências, sutilezas, momentos, tornando a vida de um a mesma vida do outro até o final da eternidade.
Mas egoismo, competição, poder tornam-se a espada certeira que corta a alma única em dois opostos separados por outra eternidade.
Mudam-se os sentimentos compartilhados para dor, tristeza, solidão. A angústia transborda dos olhos da alma para além da tristeza suportável. A música entoada suavemente torna-se ruído anacrônico trazendo a dor das profundezas das almas, afastando o antes inseparável para longe em direção à tristeza. A luz converte-se no temporal antes afrodisíaco no caminho tortuoso e sem destino.
E de repente as vidas se separam, como a porta que se fecha, como a tampa que se fecha rompendo todos os acordos, todos os momentos, todo o tempo.
A vida de repente segue seu rumo, os passos pela terra, em caminhos que jamais se cruzarão. O céu torna-se cinza, o mar vira um campo imenso com um vazio dentro dele, como um vórtice que devora toda a vontade, toda a ânsia de viver.
A música alegre é tornada ladainha triste ecoando ninguém sabe de onde, escorrendo pelas pedras.
O silêncio agora é o único som que se ouve, mudo, acusador, tornando a saudade raiva inconsciente e destemida; a eternidade durou somente alguns dias de chuva que ninguém notou.
Loucura... deixar acontecer tantas coisas, e de repente deixar escapar tudo, como a areia escapando pelos dedos das mãos separadas.
Deixar escapar tanto tempo, tantas coisas, tantos perfumes, e nada, nada se somado, se multiplicado irá conseguir cobrir o vazio imenso daquela solidão.
É isso, depois da folia, é um vazio imenso...
Roberto Antônio Aniche
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