12/04/2012

NA FEIRA DA MAGIA

Manhã fria de outono, busco inspiração para um trabalho que me comprometi fazer. Caminho no meio de inúmeras barracas. O chão úmido, coberto de folhas secas range debaixo dos meus pés. Não muito longe, uma fonte jorra água colorida, no meio de um lago, formando arcos dançantes que não se cansam de bailar. Como as ondas do mar ao sabor dos ventos, delineam sempre novos contornos e o sol faz brilhar as gotas de água que teimam em ficar pelo ar. De todos os lados vejo gente vestida com mantos coloridos, bordados com pedrarias e fios dourados, alguns já meio puídos, com cara de muito usados, chapéus de bruxas ou fadas, que me convidam para entrar e conhecer o meu futuro. Insistem muito. Poderá ser através de cartas de baralho, de leitura do pó de café que sobrará na minha xícara, depois que eu me deliciar com um café à moda turca. Outros me oferecem para ler a minha sorte nas linhas de minhas mãos ou ainda na bola de cristal. Indecisa, olho para todos os lados sem saber qual devo escolher. Raios de sol penetram por entre os eucaliptos e de repente me lembro que não devo demorar. Tenho muita coisa para fazer e assim resolvo pela bola de cristal. Será que acertei?
Um fada ou feiticeira, não sei, meio gorducha , com unhas longas esmaltadas em vermelho escuro, de olhos pequenos e muito pintados olha para mim e começa dizendo:
-“Você tem um compromisso sério para hoje, quer queira ou não terá que realizá-lo”!.
Olho espantada e me lembro que devo escrever algo sobre a SOBRAMES de São Paulo. Preciso que esse artigo esteja pronto para ir para a gráfica neste mesmo dia. Penso na Pizza Literária que se realiza todas as terceiras quintas feiras do mês, quando se dá o encontro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SP. Faça frio, chova canivetes ou o calor seja de derreter, lá estamos nós - os associados e também convidados - reunidos para apresentar e ouvir os trabalhos em prosa ou poesia, depois de saborearmos uma pizza, acompanhada de um chopinho gelado.
Num ambiente aconchegante e de muito calor humano, à volta de uma lareira agradável, hoje esqueceremos por algumas horas o PCC, o Hesbollah e todas as mazelas políticas do país para ouvir os escritos dos associados da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - regional de São Paulo. Tal como no compromisso dos cavaleiros da Távola Redonda, irão chegando para essa reunião, poetas, médicas e médicos escritores (às vezes de outras cidades) sendo recebidos sempre com muita simpatia e boas vindas de todos. Vão se acomodando na mesa, à volta da lareira. Vêm para demonstrar a sua paixão pela literatura. Apresentam trabalhos bonitos e criativos. São contos, poesias, crônicas e “causos”, românticos, às vezes tristes, outros até hilariantes, mas todos de grande inspiração.
Há também as Coletâneas que são publicadas a cada dois anos, intercaladas com as Antologias. Ambas, bem apresentadas, reúnem, além dos trabalhos lidos nos encontros, também textos e poesias de associados ausentes nas pizzas literárias. Temos também concursos de prosa e poesia, cujos trabalhos são analisados e selecionados por sócios de uma SOBRAMES de outro estado e cuja premiação acontece no segundo semestre de cada ano. Cumprindo com os estatutos, a cada dois anos temos eleições de uma nova diretoria, o que acontece neste final de ano, e o presidente e vice terão que ser médicos. Enfim há uma gama de muitas atividades que fazem com que a nossa sociedade esteja sempre atuante. Nesse momento como num passe de mágica me decido voltar para casa. Pago a feiticeira, ou seja lá como for seu nome, que espantada me pergunta se não quero saber mais nada!
“ Não obrigada. Estou satisfeita”. Ela me lembrou que hoje é a terceira quinta-feira do mês e eu tenho um compromisso inadiável.

Maria do Céu Coutinho Louzã

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