Artobanus era um político em ascensão,
pois diferentemente dos outros, fazia reflexões sobre conceitos fundamentais da
democracia.
– Odila, fico perplexo quando vejo
pessoas totalmente incapazes de votar por ignorância de conhecimentos
comezinhos, sociais e políticos. Como organizar um grupo competente e formar
uma elite dirigente se não temos uma elite de eleitores?
– Senador, os vários idiomas são um
grande empecilho de entendimento entre os povos e as nações são criadas não por
limites geográficos, mas justamente na fronteira de pessoas que falam línguas
diferentes. Essa diversidade é que lhe deixa perplexo.
– Exatamente, Odila. Fico perplexo de
não enxergar onde está a reserva moral da nação.
– Senador, nunca entendi bem o seguro desemprego,
pois basta se cadastrar para receber uma quantia razoável mensal, o difícil é o
seguro-emprego, isto é, você colaborar para o engrandecimento da empresa para
garantir seu emprego. Mas não fazer nada se transformou num excelente meio de
ganhar tempo...
– Odila, a estratégia depende de metas
bem definidas. Você que tem clarividência entende bem isso. Não vê as coisas,
mas as sente.
– Senador, acho que o problema das
nações é o da justiça. Um dia desses fui ao cinema assistir a um filme chamado
“Três enterros”, que fala bem dos equívocos das pessoas. Como é possível
existir justiça com tanto equívoco?
– A justiça, Odila, é um suco saído de
um liquidificador em que foram colocados verdades e mentiras. A propósito,
Odila, dia destes vi sua foto no jornal e você estava muito bonita. Gostei da
entrevista.
– Pessoa bonita não tem foto feia,
senador.
O celular tocou, o senador pediu licença
para atender e a seguir pediu licença para se retirar. Pagou e foi embora. Era
a quarta vez que o senador vinha e em nenhuma delas ficou mais de cinco
minutos. Político só aparece quando a gente chama, pensou jocosamente Odila...
CARLOS JOSÉ
BENATTI
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