Para o Dr. José
Rodrigues Louzã
Falecido em
27 de janeiro de 2015
Com
certeza, a Sobrames é para mim uma grande família. Apesar de só ter me filiado
oficialmente em 2010, muito antes eu já colaborava com a Revista Médico-Literária
Sobrames Nacional. Nela eu li artigos de alguns sobramistas que só viria a
conhecer pessoalmente na Jornada Paulista em 2009. Talvez devido a esse contato
literário anterior, logo de início eu me senti “em casa” e a simpática acolhida
revelou que o carinho foi imediato e recíproco.
Pois bem...
No final do ano, ao organizar uma pasta, eu me deparei com uma daquelas Revistas
e me detive na contracapa com algumas fotos da Jornada em Botucatu 2001. Entre
outros, reconheci Galvão (com terno e gravata azuis), Hélio (sempre elegante,
mas sem a companhia da Aida) e Alcione (um pouco mais magro).
Uma foto,
porém, me impressionou. Na legenda, o nome Dr. José Louzã e esposa. Ora, aquela
foto me chamou a atenção por dois motivos. Primeiro, porque a mulher simpática
que foi apenas denominada “esposa” era simplesmente a nossa querida Maria do
Céu, sobramista atuante e secretária dedicada. Em segundo lugar, e o mais
impactante, foi ver o Dr. Louzã de pé.
Sinceramente
fiquei admirada.
Quando
conheci o Dr. Louzã, ele já era cadeirante e ao vê-lo naquela foto tive uma
estranha sensação, idêntica de quando a gente constata que nossos avós nem
sempre tiveram cabelos brancos e que nossos pais já foram jovens algum dia. Mas
ele estava lá, com postura ereta, um meio sorriso e uma inegável simpatia.
A verdade é
que eu quase não conversava com o Dr. Louzã, inclusive pelo fato de eu também
ser quieta. Mas toda vez que chegava na pizzaria e me aproximava, ele logo
estendia a mão para me cumprimentar e me sorria com os olhos, com um brilho de
quem amava estar ali. Aliás, sua limitação física não o impediu de ser um dos
mais assíduos da Pizza Literária. E sua participação na Jornada de Itu foi
motivo de orgulho e exemplo para todos nós, sobramistas. Com certeza o convívio
só foi interrompido por uma prolongada enfermidade e pela necessidade de
frequentes internações hospitalares. Mas o carinho continuava inabalável e as
noticias iam e vinham através da Maria do Céu, sua sempre presente e incansável companheira.
Dr. Louzã faleceu
no dia 27 de janeiro de 2015 aos 86 anos de idade, boa parte de sua vida dedicada
à prática médica, com uma notável carreira que justifica os comentários
elogiosos de antigos clientes que de vez em quando ainda ouço. E tem mais:
Quando estive em sua casa, eu me admirei com os inúmeros troféus expostos na sala
de estar. Um poeta de extrema sensibilidade em seus sonetos, contos e haicais.
O que mais
me entristece é saber que nunca escutarei Dr. Louzã declamar uma de suas
poesias. Uma pena. Acho que ouvir um texto do próprio autor é um privilégio
para poucos.
(Vocês já se conscientizaram dessa preciosa oportunidade
que usufruímos em cada Pizza Literária?).
Ainda bem
que muitos dos escritos do Dr. Louzã estão perpetuados nas Antologias e nos
Anais. E, como tudo se moderniza, alguns já foram postados no Blog.
É de sua
autoria esse trecho:
“... Busco a
penumbra suave do luar
e encontro a chama
abrasadora
do sol dos
desertos.
Busco a paz dos
picos nevados
E encontro o furor
das avalanches.
Busco o silêncio
das águas tranquilas
e encontro o
clamor das cachoeiras espumantes.
Busco em longa
peregrinação aquela
Que hei de amar um
dia
E não te encontro
ao longo de meus passos...”
A arte é
assim: emociona a alma... comunga sentimentos e ideais... Um dom que vence
barreiras, transpõe o tempo e faz com que a gente, sem perceber, se eternize...
COM O CARINHO DE TODOS OS MEMBROS DA
SOBRAMES SP
MÁRCIA ETELLI COELHO
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